• Opinião

    Saturday, 04-May-2024 21:35:05 -03

    editorial

    Reviravoltas francesas

    10/02/2017 02h00

    Depois das vitórias do Brexit e de Donald Trump —dois cisnes negros eleitorais—, as atenções do mundo voltam-se para a França.

    A pátria de Asterix faz o primeiro turno de seu pleito presidencial no dia 23 de abril, e quem lidera a corrida, pelas pesquisas mais recentes, é Marine Le Pen, do Front National, partido populista e xenófobo que tenta fazer a transição da extrema-direita para uma direita, digamos, veemente.

    Mesmo considerado o risco que representam os prognósticos eleitorais, parece seguro afirmar que as chances de Le Pen são reduzidas. Não que os votantes franceses sejam mais sábios do que os britânicos e norte-americanos, mas porque o sistema prevê a realização de um segundo turno.

    Quem quer que seja, o adversário da candidata no escrutínio definitivo assume a condição de favorito. Mas a corrida pelo posto tampouco segue roteiro previsível.

    O atual presidente, o socialista François Hollande, nem sequer postulou a recondução, dada sua impopularidade. Seu partido lançou um nome mais à esquerda, Benoît Hamon, que ocupa modesto quarto lugar nas pesquisas.

    Em condições normais, a centro-direita, representada por Les Républicains, o partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, estaria com a faca e o queijo na mão —como de fato estava até poucos dias atrás.

    No entanto, seu candidato, o ex-premiê François Fillon, viu-se envolvido numa investigação por desvio de dinheiro público —sua mulher, Penelope, receberia salário de seu gabinete sem trabalhar — e despencou nas pesquisas.

    Também beneficia-se do momento de fragilidade das duas principais agremiações o independente de centro-esquerda Emmanuel Macron, que já surge em segundo na preferência dos eleitores.

    Trata-se de um ex-filiado ao Partido Socialista, pelo qual exerceu o posto de ministro da Economia de Hollande. Disputa a Presidência pelo movimento En Marche, que ele próprio criou. Macron tem pensamento econômico ortodoxo, assumindo posições mais à esquerda nas questões sociais. Encanta, em particular, os mais jovens.

    Com apenas 39 anos, é casado com Brigitte Trogneux, sua ex-professora no ensino médio, quando provavelmente começaram a se relacionar (a exata diferença de idade é objeto de relatos conflitantes).

    Nos EUA, o romance poderia converter-se em escândalo, mas a França é mais liberal. Costuma preservar a intimidade dos cidadãos e deve, espera-se, rejeitar Le Pen.

    editoriais@grupofolha.com.br

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024