• Opinião

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    editorial

    Novos humores

    17/02/2017 02h00

    No mais célere e volúvel dos mercados, o financeiro, há otimismo como há muito não se via.

    Ainda estão por serem vistos sinais de recuperação do consumo, dos investimentos ou da produção industrial; a queda do desemprego deve demorar ainda mais. Já nas transações diárias com o dólar e ativos relacionados à dívida pública, as cotações voltaram aos patamares anteriores ao agravamento da crise econômica.

    Um exemplo da mudança de humores se dá com o CDS, como os investidores chamam uma espécie de seguro negociado pelos que desejam proteger-se de uma eventual inadimplência do país. Os preços cobrados nessa operação hoje são os menores em quase dois anos.

    Movimento similar ocorre com a moeda norte-americana, vendida a pouco mais de R$ 3 —um ano atrás, durante a agonia terminal do governo Dilma Rousseff (PT), ultrapassava-se a marca dos R$ 4.

    O recuo do dólar no Brasil segue movimentos internacionais que igualmente se refletiram nas moedas de outros países emergentes e estão relacionados à recente valorização de produtos primários agrícolas e minerais.

    Esse não é o único motivo, entretanto. Contribui para a rápida melhora dos indicadores financeiros a percepção de que o governo Michel Temer (PMDB) reúne, ao menos no momento, inéditas condições favoráveis para fazer avançar as reformas econômicas, em particular a da Previdência Social.

    Em boa medida, tal juízo ampara-se na solidez da equipe da Fazenda e na composição de um ministério em fina sintonia com as forças majoritárias do Legislativo, onde o Palácio do Planalto conta com o apoio inequívoco dos presidentes das duas Casas.

    É certo que o consórcio governista vive sob riscos mais que consideráveis. Muitos de seus nomes principais são alvos em potencial da Lava Jato, a popularidade de Temer e seu governo permanece baixa e o petista Luiz Inácio Lula da Silva mantém-se como nome forte para as eleições do próximo ano.

    Mas até essa fragilidade dá impulso às reformas: a coalizão situacionista sabe não dispor de alternativas que não passem pela restauração da saúde da economia.

    Sem as mudanças no regime previdenciário, das quais depende o equilíbrio do Orçamento federal, a retomada do crescimento da renda e da produção não terá bases consistentes, o que se refletirá de imediato na ação dos mercados.

    O cenário político, como se sabe, prosseguirá volátil, e são reconhecidamente frágeis as suas atuais lideranças. Por isso mesmo, é exígua a margem para protelações, barganhas e miudezas do varejo partidário.

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