• Opinião

    Saturday, 04-May-2024 03:19:26 -03

    editorial

    Trancos e barrancos

    04/03/2017 02h00

    Na ampla galeria de obras públicas que se arrastam por anos, muito além do prazo previsto para sua conclusão, as intervenções metroferroviárias em São Paulo a cargo da gestão tucana ocupam posição de destaque.

    Tome-se, por exemplo, o projeto de ligar por trilhos o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, ao centro de São Paulo, a exemplo do que ocorre em grandes metrópoles internacionais. A conexão é anunciada há pelo menos 15 anos pelos governos do PSDB no Estado.

    Em 2002, durante sua campanha para a reeleição, Geraldo Alckmin já se referia ao projeto Expresso Aeroporto, linha direta que partiria da estação da Luz para Cumbica, a ser inaugurado em 2005.

    O plano não saiu do papel e foi retomado em 2007, no governo de José Serra. O Estado planejava conceder à iniciativa privada a construção e operação da linha, mas não houve interesse das empresas.

    Em 2011, novamente sob a gestão de Alckmin, abandonou-se a ideia do trem expresso e optou-se por expandir a malha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até Guarulhos, com a criação da linha 13-jade.

    As obras só começariam de fato em setembro de 2013, uma década depois dos primeiros anúncios. Desde então, sucessivas datas de conclusão foram divulgadas: da Copa de 2014 saltou-se para 2015 e 2016. Prevê-se agora o término para o primeiro semestre do ano que vem, com um investimento total do Estado de R$ 1,8 bilhão.

    Tamanha espera seria em parte tolerada se resultasse de nítidos esforços para atender aos interesses do cidadão. Infelizmente, não é o que se percebe até momento.

    O plano original de situar a estação de Cumbica em ponto próximo aos principais terminais de voo, o que permitiria aos passageiros percorrer a distância a pé, foi alterado diante da decisão da concessionária do aeroporto de construir um shopping center no local.

    Optou-se então, como revelou esta Folha, por tornar definitivo o que era arremedo provisório: um serviço de ônibus, e não mais o monotrilho prometido pela concessionária, percorrerá o trajeto de até 3 km entre a estação e o check-in.

    O imbróglio do trem para Cumbica está longe de ser exceção. Há muito o governo paulista frustra a população não só com atrasos mas também escândalos relacionados ao metrô —como a suspeita de cartel que manipulava licitações de 1998 a 2008.

    Ao usuário resta percorrer até o aeroporto um caminho de trancos e barrancos, tão atribulado quanto a gestão do transporte no Estado.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024