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    MICHEL SAPIN

    Brasil e França, parceria estratégica

    31/03/2017 02h00

    Inicio nesta sexta (31) uma visita às autoridades políticas e à comunidade empresarial do Brasil, com o objetivo de desenvolver parceria estratégica e abrir novos caminhos de cooperação entre as economias francesa e brasileira.

    Enquanto membros do G20 e portadores de uma visão convergente, nossos países têm a responsabilidade de enfrentar juntos os desafios financeiros internacionais. A adesão do Brasil ao Clube de Paris e o seu papel decisivo na negociação do Acordo de Paris na COP21 ilustram nossa proximidade na governança internacional.

    Brasil e França são atores-chave do conjunto econômico ao qual pertencem. Apesar da saída futura do Reino Unido, a União Europeia permanece a primeira potência econômica mundial, e o euro, a segunda moeda de reserva internacional.

    Ademais, a UE segue uma agenda ambiciosa para promover o crescimento e fortalecer a zona euro, através da implementação de uma união bancária.

    A economia da França é por vezes vinculada a clichês no exterior, ocultando os esforços realizados para melhorar suas finanças públicas, aumentar os investimentos em pesquisa e reduzir o custo do trabalho.

    Temos mais empresas no Top 500 mundial do que a Alemanha e o Reino Unido; o custo do trabalho na indústria francesa é inferior ao da Alemanha; os gastos com pesquisa e desenvolvimento da região parisiense ultrapassam os do Vale do Silício, nos EUA; os impostos sobre as empresas já se reduzem há muitos anos.

    Convido assim as empresas brasileiras a escolherem a França para se projetarem no exterior.

    Nossa agência Business France fará o máximo para facilitar o procedimento de instalação e acelerar a vinda de todos os talentosos empreendedores ansiosos por conquistar o mercado europeu de 500 milhões de habitantes.

    Seis criadores de startups brasileiras, premiados pela French Tech Ticket, já se instalaram na França.

    Apesar da crise, o Brasil é um parceiro econômico e comercial prioritário para nossa nação. Com 850 filiais, empregando 500 mil brasileiros, a França é o quinto maior investidor no Brasil. Além disso, parcerias tecnológicas ambiciosas foram criadas em várias áreas.

    Observo, com satisfação, que a relação franco-brasileira está repleta de perspectivas promissoras. A conclusão de um acordo de livre-comércio entre a UE e o Mercosul acelerará nossas trocas, caso apresente a ambição, o equilíbrio e os desejos recíprocos expressos por nossos países.

    Na área tecnológica, a atribuição do selo French Tech Hub a São Paulo, em 2016, revela um ecossistema franco-brasileiro de startups.

    Enfim, a assinatura de um acordo de cooperação ambicioso na área de infraestrutura permitirá compartilhar as nossas experiências, inclusive em matéria de financiamento com a Agência Francesa de Desenvolvimento. Convido as empresas francesas a aproveitarem as oportunidades de parcerias no Brasil nas área de energia, saneamento e transportes.

    Para concluir, gostaria de reforçar que a França e o Brasil não são somente amigos mas também vizinhos, sobretudo após a inauguração da ponte, em 18 de março, conectando o Amapá e a Guiana Francesa. É de extrema importância que nossos países, ligados pela história, pela geografia e por uma amizade plurissecular, avancem juntos no século 21.

    MICHEL SAPIN é ministro francês da Economia e das Finanças. Foi ministro do Trabalho (2012 a 2014)

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