• Opinião

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    editorial

    Ainda em queda

    22/04/2017 02h00

    Se no mês passado tratou de divulgar pessoalmente a criação de 36 mil empregos com carteira assinada em fevereiro, desta vez o presidente Michel Temer (PMDB) achou por bem ausentar-se do anúncio do fechamento de 64 mil vagas no país em março.

    Foi precipitado, sem dúvida, considerar que o primeiro resultado já se afigurava como sinal inequívoco da retomada da economia. Mas tampouco existe motivo para concluir o oposto agora.

    O mais moroso dos mercados, o de trabalho, costuma reagir com atraso às tendências de melhora ou piora da confiança de empresários e consumidores. Logo que o país entrou em recessão, em 2014, o desemprego manteve-se baixo; as demissões só ganharam impulso no ano seguinte.

    Neste momento, embora os dados ainda mostrem grande dose de fragilidade, a tendência já se revela menos negativa. A perda de postos no primeiro trimestre, praticamente igual à de março, foi bem menor que a de 319 mil no período correspondente de 2016.

    O contraste é ainda mais evidente ao se observar o comportamento dos últimos 12 meses, quando o número de celetistas encolheu de 39,3 milhões para 38,3 milhões, queda de 3,8% –neste ano, a redução limita-se a 0,2%.

    A trajetória de fechamento de vagas pode encerrar-se em breve, mas as contratações provavelmente demorarão a prevalecer. Dados os custos para admitir, treinar e demitir mão de obra, as empresas só alteram suas folhas de pagamento em larga escala quando a direção de seus negócios é clara.

    No cenário atual, ademais, há espaço para produzir mais com o mesmo quadro de pessoal. Enquanto isso, o desemprego permanecerá alto, na casa dos 13%.

    Por outro lado, as condições que antecedem a recuperação econômica já estão dadas. A renda do trabalho estabiliza-se; o recuo da inflação favorece o poder de compra; famílias reduzem suas dívidas.

    Lançam-se, assim, os alicerces para o aumento do consumo das famílias, que partirá da parcela majoritária da população que se mantém empregada. Para tanto, a confiança —crescente, mas ainda sujeita às intempéries do mundo político— terá papel crucial.

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