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    Verão europeu

    25/06/2017 02h00

    Dúvidas de anos sobre a sustentabilidade do projeto da União Europeia, agravadas pela decisão do Reino Unido de deixar o bloco, começam a dar lugar a prognósticos mais positivos. Às vésperas do início das férias de verão no continente, o clima é de otimismo.

    Fundamental para tanto foi a contundente vitória de Emmanuel Macron nas eleições francesas, afastando a ameaça isolacionista representada por Marine Le Pen.

    A ampla maioria parlamentar conquistada pelo novo presidente abre uma chance rara para mudanças internas e maior cooperação com os parceiros.

    Em paralelo, a UE vive o melhor momento em seis anos na economia. O crescimento chegou a 0,6% no primeiro trimestre (2,4% em valores anualizados) e deve manter um patamar satisfatório.

    O Banco Central Europeu mostra que tem confiança na retomada, a ponto de abandonar a indicação de cortes de juros em seu comunicado mais recente. O euro já acumula uma valorização próxima a 5% ante o dólar em 2017.
    Apesar do desafio das negociações com o Reino Unido, que se iniciaram formalmente na semana passada, os líderes europeus parecem inclinados a avançar no objetivo de integração.

    Com a volatilidade de Donald Trump nos Estados Unidos e o afastamento britânico, entende-se que este seria o momento de olhar para o continente e reforçar o bloco.

    Macron quer reformas para melhorar o funcionamento da moeda única. Propõe um Orçamento comum e o fortalecimento de mecanismos para ajudar países em crise.

    A ideia não é nova –já havia sido apresentada por seu antecessor, o socialista François Hollande, mas sem obter boa receptividade.

    Vinda de um presidente recém-eleito, com clara plataforma pró-Europa e credenciais reformistas, é de imaginar que o plano angarie mais apoio, ao menos inicialmente.

    A chanceler alemã Angela Merkel adotou tom conciliador e se disse aberta à ideia, desde que o dinheiro seja usado responsavelmente e haja controle na partilha de riscos no continente.

    É um começo positivo, mas Macron precisará dar mostras de que conseguirá arrumar sua própria casa antes. Se for bem-sucedido na prometida reforma trabalhista e na contenção do deficit das contas do governo, deverá conseguir o decisivo apoio da Alemanha.

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