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    editorial

    A incontinência de Trump

    04/07/2017 02h00

    Carlo Allegri/Reuters
    FILE PHOTO: Republican U.S. presidential candidate Donald Trump speaks at the Republican U.S. presidential candidates debate sponsored by CNN at the University of Miami in Miami, Florida March 10, 2016. REUTERS/Carlo Allegri/File Photo ORG XMIT: TOR502
    O presidente americano, Donald Trump

    Vítima de incontinência verbal crônica, o presidente dos EUA, Donald Trump, já foi aconselhado por seus correligionários republicanos a evitar manifestações irrefletidas. Declarações estridentes do mandatário, de fato, já se voltaram contra ele e contribuíram para gerar ou agravar turbulências políticas.

    As recomendações, embora sensatas, não têm surtido o efeito esperado. Na quinta-feira (29), por exemplo, um novo ataque do presidente norte-americano a dois jornalistas da rede de TV MSNBC causou revolta e provocou reações de repúdio entre setores variados, inclusive de seu próprio partido.

    O comentário de Trump veio logo depois de Mika Brzezinski, âncora do programa "Morning Joe" ao lado de Joe Scarborough, dizer que o presidente mentira ao se manifestar sobre uma reportagem do jornal "The New York Times". A jornalista foi chamada pela autoridade máxima do país de "louca de baixo QI", e o seu colega, de "psicótico" (em tradução aproximada).

    Trump disse ainda que recusou conceder uma entrevista aos dois apresentadores na época do Réveillon, em seu resort na Flórida, ocasião em que Brzezinski, segundo ele, "sangrava horrores" por causa de uma operação plástica no rosto.

    O insulto serviu para reavivar o histórico de manifestações sexistas de Trump, que já havia, na campanha eleitoral para a Presidência da República, dirigido-se de maneira imprópria a Megyn Kelly, então âncora da rede Fox News.

    Após participar de um debate mediado por Kelly, o republicano sugeriu que ela o teria confrontado de modo mais assertivo por estar em momento de TPM (tensão pré-menstrual).

    Em grande parte, os vitupérios de líder americano têm como alvo a imprensa ou jornalistas que o tratam de maneira crítica.

    Os ataques aos jornais "The New York Times" e "The Washington Post" e às redes de TV CNN e MSNBC, que fazem oposição mais sistemática a seu comportamento, recrudesceram depois da eleição, em contraste com a expectativa de que o exercício do cargo de presidente da República levaria Trump a modular suas manifestações, tornando-as menos personalistas e mais institucionais.

    No entanto, a aversão à crítica parece ser, além de traço de sua visão política populista e autoritária, uma característica pueril de sua personalidade.

    As habituais reações desmesuradas do presidente transmitem a sensação de que falta a ele o indispensável equilíbrio para exercer função de tamanha responsabilidade no contexto global.

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