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    editorial

    Tropas no Rio

    09/08/2017 02h00

    Fabio Teixeira/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, 14.02.2017: POLÍCIA-RIO - Soldados do Exército fazem patrulhamento na orla da praia de Copacabana, com estátua de Carlos Drummond de Andrade ao fundo, na zona sul do Rio de Janeiro. (Foto: Fabio Teixeira/Folhapress)
    Soldados do Exército fazem patrulhamento na orla da praia de Copacabana

    Nem o ministro da Defesa, Raul Jungmann, animou-se a dourar a pílula. A operação militar deste sábado (5) no Rio de Janeiro foi qualificada apenas de "razoável".

    Não seria exagero dizer que foi um fiasco: a mobilização de cerca de 5.000 profissionais (3.600 das Forças Armadas) teve como resultado a apreensão de três pistolas, duas granadas, quatro rádios, 21 carros e uma motocicleta. Houve 24 prisões; dois supostos criminosos e um policial militar morreram.

    Referindo-se a uma "curva de aprendizado", Jungmann prevê resultados melhores nas próximas etapas —o presidente Michel Temer (PMDB) indicou que a ação irá até 2018. A experiência, no entanto, recomenda maior ceticismo.

    As grandes operações militares na capital fluminense tiveram como marco a conferência sobre o meio ambiente Rio-92, quando foi testado pela primeira vez o modelo de ocupação de pontos estratégicos.

    Desde então, passou-se a recorrer às tropas federais em períodos de alta expressiva da violência.

    Tal expediente culminou em missões de maior porte, como a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas, a partir de 2008, e o policiamento na Copa do Mundo e na Olimpíada, nas quais os militares se valeram de técnicas aprendidas durante a missão de paz no Haiti.

    Não se negam ganhos pontuais com essa estratégia. A presença ostensiva de militares tende, sim, a inibir a incidência de crimes.

    No entanto, como as próprias autoridades admitem, os efeitos são quase sempre efêmeros, circunscritos à duração das operações.

    As tarefas centrais do combate ao tráfico —localizar os arsenais de criminosos e obstruir as rotas de entrada de armas e drogas— demandam trabalho contínuo de inteligência, não manobras divulgadas com estardalhaço.

    As Forças não têm por vocação o patrulhamento e a repressão de delitos comuns. Corre-se o risco de excessos ou, pior, de cooptação de militares pelo crime organizado, como já ocorre com policiais.

    Infelizmente, a intervenção militar se impôs no Rio, conflagrado pela crise econômica e social. Que ao menos seja, como defendeu o general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, temporária e baseada em objetivos claros.

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