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    editorial

    Epidemia de peso

    12/08/2017 02h00

    Divulgação
    , que será exibido no Brasil pelo canal HBO, na televisão e na Internet. (Foto: Divulgação) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM ***
    Homem obeso é medido em cena do documentário "Weight of the Nation"

    O aumento do sobrepeso e da obesidade na população brasileira não destoa do que se observa em países de renda média e alta. Nem por isso pode essa hipertrofia ser encarada com leviandade, muito menos alimentar um mercado de soluções pseudomilagrosas.

    Quase 54% dos brasileiros estão acima do peso, com IMC (índice de massa corporal, peso dividido pelo quadrado da altura) entre 25 e 30. E 19% são obesos (IMC acima de 30), como vem destacando uma série de reportagens nesta Folha.

    O excesso adiposo se acumula em todas as faixas etárias, mas preocupa sobremaneira constatar que dispara entre jovens. Em dez anos, a obesidade quase dobrou entre indivíduos de 18 a 24 anos, passando de 4,4% para 8,5%.

    Mais ainda: por volta de 33% das crianças de 5 a 9 anos apresentam excesso de peso, e 14,3% são obesas. Tudo indica que a prevalência seguirá em alta.

    O excesso de peso decorre da mudança do ambiente rural para o urbano e da substituição de alimentos como arroz e feijão por petiscos industrializados e hipercalóricos. Adicione-se o estresse da vida contemporânea, e tem-se a receita ideal para amplificar os males associados, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

    Estima-se que o Sistema Único de Saúde despenda por ano quase R$ 500 milhões com condições relacionadas à obesidade. Não espanta que todo um mercado se tenha formado para nutrir a expectativa de saídas fáceis —e enganosas— para um problema complexo.

    A cirurgia bariátrica (redução de estômago) tem recomendação médica apenas para pacientes com obesidade mórbida (IMC acima de 40). Já há quem defenda, porém, que pessoas com índice entre 30 e 40 também se tornem elegíveis.

    Embora a técnica possa beneficiar casos singulares nessa faixa, teme-se que o relaxamento conduza a uma aplicação desordenada. Não faltará quem recorra a subterfúgios para elegê-la como alternativa a exercícios e dietas.

    O país precisa de campanhas mais eficazes de reeducação alimentar, e não de entregar-se à esbórnia populista que já levou o Congresso e o presidente Michel Temer (PMDB) a liberar remédios emagrecedores que não contam com o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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