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    editorial

    Voto de confiança

    16/08/2017 02h00

    Eitan Abramovich/AFP
    Supporters of Argentinian former President (2007-2015) Cristina Kirchner flash the V sign during a rally in Buenos Aires on June 20, 2017. Kirchner launched her new Unidad Ciudadana (Citizen Unity) party but maintained suspense over whether or not she will run for the Senate in next October legislative elections. / AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH ORG XMIT: EAS1831
    Eleitores argentinos durante campanha eleitoral

    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, obteve desempenho acima do esperado nas prévias eleitorais disputadas no domingo (13).

    A despeito das pesquisas, que indicavam expressiva vantagem de Cristina Kirchner na disputa para o Senado na província de Buenos Aires, a ex-presidente contava, até esta terça-feira (15), com pouco mais de um terço dos votos, ligeiramente atrás do candidato da coalizão governista Cambiemos, Esteban Bullrich.

    Nacionalmente, a vitória de Macri revelou-se mais convincente. No Senado, a se confirmarem as projeções, seus aliados estão perto de superar os adversários em metade das 24 províncias argentinas.

    A peculiaridade do sistema argentino é que as prévias partidárias são abertas a todos os eleitores e fornecem um indicativo do quadro da eleição. Em outubro, o país renovará um terço do Senado e metade da Câmara dos Deputados.

    Se não indica a morte do populismo kirchnerista, vertente do peronismo que comandou a Argentina entre 2003 e 2014, a vantagem do governo nas prévias representa um voto de confiança, ainda que apenas parcial, para as reformas de Macri, cujos efeitos ainda não beneficiaram os mais pobres.

    Em 2016, o PIB argentino caiu 2,3%; neste ano, mal será recuperado o terreno perdido.

    A liberalização do câmbio provocou desvalorização acentuada do peso e fez aumentar a inflação, que chegou a 41% no ano passado. O ritmo da alta de preços, é verdade, perdeu força e caiu para cerca de 22% nos 12 meses encerrados em julho, mas o patamar permanece longe do desejável.

    Daí porque as eleições de outubro são aguardadas como uma espécie de referendo sobre a liderança de Macri e a continuidade de sua plataforma de governo. A vitória de Cristina Kirchner, por sua vez, sinalizaria o risco do retorno de políticas demagógicas.

    Caso as prévias se revelem um bom prognóstico, Macri disporá de maior margem de manobra para seguir com seu programa liberal. A base favorável no Legislativo, porém, aumentará a expectativa de resultados mais sólidos da economia nos próximos meses.

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