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    editorial

    Drama universitário

    29/08/2017 02h00

    Eduardo Knapp - 17.ago.2012/Folhapress
    Campinas, SP, BRASIL, 17-08-2012 12h52: Caderno Especial RANKING UNIVERSITARIO. Fachada da Faculdade de Educacao da UNICAMP. ( Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, ESPECIAIS ) ***Cadeerno Especial*** ORG XMIT: AGEN1208171807437082
    Fachada da Faculdade de Educação da Unicamp

    A situação financeira das universidades estaduais paulistas se mostra dramática. Mas qual instituição pública não se encontra em tal condição num Brasil atolado na crise que se seguiu à irresponsabilidade orçamentária e à profunda recessão dela decorrente?

    Não a Unicamp, decerto. Com 101,5% de R$ 1,9 bilhão recebido pela universidade em 2016 (a parcela a que faz jus da arrecadação do ICMS) comprometidos com a folha de pagamento, nenhuma organização pode considerar sustentáveis as próprias contas.

    Tampouco a USP (com 105% de comprometimento) ou a Unesp (101%). E é manifesto que tamanho descompasso entre receita e despesa se deve em parte à queda da arrecadação motivada pela crise econômica —mas não só a ela.

    No entanto, o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, parece entender que a única solução para o aperto que escolheu administrar está no aumento dos recursos repassados pelo Tesouro estadual às instituições de ensino superior.

    Em entrevista publicada pela Folha nesta segunda (29), o físico defendeu elevar o teto salarial das três universidades, fixado pelos proventos do governador (R$ 21 mil mensais). Obviamente, isso implica aumentar ainda mais o dispêndio com pessoal.

    A própria reitoria projeta um deficit de R$ 200 milhões neste ano.

    O reitor alega que USP, Unicamp e Unesp aumentaram muito a oferta de vagas nos anos 2000, com a promessa de recursos adicionais —que nunca vieram. Diz que o hospital da universidade consome R$ 308 milhões do orçamento sem contrapartida equivalente do SUS.

    Tais argumentos nada mudam na realidade insofismável: não há espaço para expandir o gasto com as universidades, que afinal já contam com um percentual fixo da arrecadação para se manter. Aumentar-lhes a dotação equivaleria a cortar recursos de outras áreas.

    Knobel afirma que não planeja demitir ninguém, provável alusão ao programa da USP de incentivo a demissões voluntárias, lançado ainda em 2014. Declara-se contrário a cobrar mensalidades de estudantes que possam pagar por elas.

    Não se questiona a importância nem o serviço prestado pelas três universidades estaduais a São Paulo e ao país. Mas elas só sairão do drama atual se demonstrarem um pouco mais de realismo e criatividade para buscar soluções.

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