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    editorial

    Vexame olímpico

    06/09/2017 02h00

    Diego Padgurschi-1º.ago.2016/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL - 01-08-2016: ESPECIAL ABERTURA DAS OLIMPIADAS: Arcos Olimpicos durante o amanhecer na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. (Diego Padgurschi / Folhapress - ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
    Arcos olímpicos durante o amanhecer na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro

    Pelo que se suspeita, a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016, anunciada como grande conquista do Brasil durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contou com o auxílio do pagamento de propinas para a compra de votos de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional).

    As primeiras informações sobre o caso foram divulgadas pelos jornais "The Guardian" (Reino Unido) e "Le Monde" (França), a partir de investigações que tiveram início em dezembro de 2015, na França.

    Apurava-se o acobertamento de doping de atletas russos por parte de Papa Diack, filho do então presidente Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o senegalês Lamine Diack, quando surgiram os indícios de suborno no COI.

    Segundo a Justiça francesa, três dias antes da vitória do Rio de Janeiro, em outubro de 2009, Papa Diack recebeu US$ 1,5 milhão por intermédio de empresa com base no paraíso fiscal das Ilhas Virgens britânicas, controlada pelo empresário brasileiro Arthur Cesar Menezes Soares Filho.

    Outros US$ 500 mil teriam sido pagos posteriormente.

    Conhecido como "Rei Arthur", Soares Filho viu seu patrimônio multiplicar-se de modo exponencial durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB) no Estado.

    A Justiça francesa buscou a cooperação da Polícia Federal brasileira. Nesta terça (5), a PF deflagrou a Operação Unfair Play (jogo sujo), que cumpriu dois mandados de prisão e onze de apreensão.

    Entre os alvos da ação está o presidente do Comitê Olímpico do Brasil e do comitê organizador dos Jogos do Rio, Carlos Arthur Nuzman, suspeito de participar diretamente das negociações. Agentes encontraram em seu apartamento cerca de R$ 480 mil em notas de reais e moedas estrangeiras. Seu advogado negou irregularidades.

    De acordo com as investigações, a suposta propina estaria associada a um esquema de desvios milionários de recursos de obras públicas. "Rei Arthur", conforme a Operação Calicute (braço fluminense da Lava Jato), recebeu quase R$ 3 bilhões em contratos assinados com o Estado na gestão Cabral.

    Os valores para a compra de voto no COI teriam vindo de uma conta usada pelo ex-governador para receber dinheiro do empresário.

    Da promessa olímpica de benefícios à imagem do país restou a acusação vexaminosa de uma intrincada teia de corrupção, modalidade em que o desempenho brasileiro nunca deixa de surpreender. Menos mal que não passe impune.

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