• Opinião

    Tuesday, 30-Apr-2024 04:26:23 -03

    editorial

    Alento na receita

    21/09/2017 02h00

    Marcos Santos/USP Imagens
    O valor mínimo do benefícios será de 76% da média salarial.Mudanças na conta da média salarial também poderão reduzir o valor final do benefício
    Cédulas de real

    A arrecadação do governo se revelou um eficiente detector do ciclo recessivo que viria a se instalar no país. Ela iniciou tendência de queda em 2014, quando o desemprego se mantinha baixo e os sinais de crise ainda não estavam disseminados na economia.

    É tentadora, assim, a leitura de que a recuperação da renda e do mercado de trabalho foi refletida e confirmada pelo recém-divulgado desempenho favorável, impressionante até, da receita dos tributos federais em agosto.

    As próprias dimensões atípicas do resultado recomendam, contudo, prudência na análise. Parte expressiva da alta de 10,8% (sobre o período correspondente de 2016) está relacionada a eventos pontuais, como a adesão ao programa de parcelamento de dívidas com o fisco e o aumento da taxação dos combustíveis.

    Ainda não há explicação satisfatória, ademais, para índices vertiginosos de aumento de valores recolhidos por bancos, entre 40% e 50% —a sugerir algum ajuste localizado no setor financeiro.

    De todo modo, os números são alvissareiros. Generalizada, a elevação de receitas acompanha a melhora de diferentes setores e atividades, do IPI sobre automóveis (vendas) à contribuição previdenciária (massa salarial), passando por lucros e importações.

    Depois de sucessivas frustrações, renovam-se as esperanças de que o setor público comece a recobrar a capacidade arrecadatória anterior à recessão. A distância é enorme: de quase R$ 1,49 trilhão em 2013 (valores corrigidos), a coleta da União caiu para R$ 1,35 trilhão nos últimos 12 meses.

    Num cálculo grosseiro, portanto, vislumbra-se reaver mais de R$ 100 bilhões anuais com a superação dos efeitos da crise —cifra capaz de reduzir substancialmente o deficit do Tesouro Nacional (R$ 159 bilhões, excluídos juros).

    Tal retomada nem de longe bastará, infelizmente, para o reequilíbrio orçamentário. Serão necessários superavits para conter a escalada das dívidas, em meio à expansão inexorável dos gastos da Previdência. As projeções mais consensuais apontam que a situação continuará dramática até, pelo menos, o fim do próximo governo.

    editoriais@grupofolha.com.br

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024