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    editorial

    Império do sol

    10/10/2017 02h00

    Lilian Wu - 22.set.2011/AFP
    Painéis de energia solar em Taiyangshan, na China. *** This photo taken on September 22, 2011 shows people visiting the Taiyangshan solar panel field in northern China's Ningxia region. In a new show of anger at China's trade practices, a major US maker of solar cells and panels SolarWorld Industries America, a subsidiary of Germany-based SolarWorld AG, announced on October 19, 2011 it was filing a formal complaint targeting Beijing, as US lawmakers who blame China's rise for lost American jobs have stepped up calls for Washington to confront Beijing. AFP PHOTO / LILIAN WU
    Painéis de energia solar em Taiyangshan, na China

    A eletricidade produzida a partir da luz do sol, ou energia fotovoltaica, aparece como a grande estrela do relatório "Renováveis 2017 - Análise e Previsões para 2022", da Agência Internacional de Energia. E a maior responsável por isso, mais uma vez, é a China.

    A geração solar foi a que mais cresceu entre as energias renováveis, alcançando quase a metade (45%) dos 165 gigawatts de capacidade adicionada em 2016, excluídas fontes de origem fóssil (carvão, petróleo e gás natural) e nuclear.

    O Brasil instalou 7,8 GW de renováveis no ano passado —de um total de 9,5 GW no país—, repartidos entre usinas hidrelétricas (5,2 GW) e eólicas (2,6 GW). Mantém uma das matrizes de geração mais limpas, mas contribui com menos de 5% do crescimento verde mundial.

    Já a China responde por 40% da capacidade renovável adicionada em 2016, e a maior parte disso provém da energia solar. O governo de Pequim incentiva essa fonte limpa na tentativa de minorar a poluição do ar gerada por termelétricas a carvão, grave problema de saúde pública e inquietação social.

    Sob esse estímulo, o país asiático já representa 50% da demanda global por painéis fotovoltaicos e manufatura 60% desses equipamentos. A economia de escala adquirida tem levado a uma queda de preços mais acentuada do que se esperava, o que forçou a AIE a rever suas projeções para 2022.

    De acordo com a agência, o custo de usinas solares deverá cair ainda 25% no quinquênio (contra 15% dos geradores eólicos, que seguiram essa trajetória antes).

    Com preços mais competitivos, as renováveis deverão passar dos atuais 24% de participação na matriz de geração elétrica mundial para 30% em 2022.

    Salta aos olhos a irrelevância do Brasil no que respeita à energia solar fotovoltaica. Algumas grandes centrais começam a ser instaladas, mas o investimento nacional na mais dinâmica fonte alternativa é desprezível, em termos mundiais.

    O país só se destaca, no relatório da AIE, na seara das fontes renováveis para o setor de transporte. Embora o noticiário se concentre na voga dos veículos elétricos, o estudo ressalta que os biocombustíveis —como etanol e biodiesel— permanecerão como opções mais viáveis.

    Sim, o Brasil conta com a matriz elétrica mais limpa entre nações de grande porte e liderança inconteste em álcool combustível. O futuro, no entanto, é solar.

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