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    editorial

    Violência concentrada

    11/10/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 31-03-2012, 03h39: Corpo de um homem que foi encontrado morto na praca Estrela, que fica na rua Vergueiro proximo ao Centro Cultural de Sao Paulo. A policia militar nao soube informar a causa da morte. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, COTIDIANO)
    Corpo de um homem em região da zona sul de São Paulo

    Assim como a riqueza, a violência urbana também compõe um panorama de desigualdade extrema em São Paulo. Se a taxa de mortes violentas por habitante na cidade é a mais baixa entre as capitais brasileiras, os desvios em relação a essa média nos diferentes bairros mostram-se expressivos.

    No Jardim São Luís, na zona sul, houve 43 casos de homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte de julho de 2016 a junho deste ano. Trata-se do equivalente a 16 por grupo de 100 mil moradores, um patamar quase idêntico ao verificado no México, onde o narcotráfico impulsiona o índice.

    Chacinas inflaram os números do Jaçanã, na zona norte, a 23 por 100 mil —o que pode ser considerado o pior resultado do município, descartando-se cifras distorcidas, especialmente em áreas do centro, pela incidência de populações flutuantes elevadas.

    Mesmo tais números estão aquém da média calculada nas capitais do país, de 31/100 mil em 2015. Em Fortaleza, a mais violenta, são 64; em São Paulo, menos de 9.

    Existem oásis paulistanos de tranquilidade à moda da Bélgica, como Alto de Pinheiros e Perdizes, na zona oeste da cidade, com cifras em torno de 2/100 mil. Ou metade disso, caso do Jardim Paulista, comparável à Suécia.

    O levantamento foi realizado por esta Folha com base em dados oficiais brutos, divergindo das estatísticas tais como são apresentadas pela Secretaria da Segurança Pública do Estado, que divulga a quantidade de assassinatos (excluindo latrocínios).

    Quem contempla o mapa publicado vê que a pior violência está disseminada pela periferia, com destaque para a zona sul.

    Esse padrão é conhecido há décadas, o que leva a perguntar por que o poder público tem tanta dificuldade de reduzir o flagelo de populações em locais tão bem delimitados —no geral, pobres.

    É certo que a polícia paulista logrou diminuir de modo expressivo os homicídios no Estado, que hoje apresenta índices abaixo de 10/100 mil, incomuns no Brasil —cuja média se aproxima dos 30 por 100 mil habitantes.

    Segundo o governo estadual, no perímetro dos bairros Jardim São Luís, Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim Ângela houve redução de 82% nos homicídios dolosos desde 2001, com queda da taxa de 89 para 13/100 mil.

    Reduzir os níveis gerais de violência urbana é bom e necessário, mas não suficiente. Cabe ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) buscar também que a segurança pública seja bem distribuída, e não privilégio de bairros afluentes.

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