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    editorial

    Novo teste para o ditador

    11/10/2017 02h00

    Carlos Garcia Rawlins - 8.dez.2013/Reuters
    Eleitor lança seu voto em uma caixa, durante a eleições municipais, em Caracas (Venezuela). *** A man casts his ballot in a box during a municipal elections in Caracas December 8, 2013. Venezuelans vote in municipal elections on Sunday that are the biggest political test yet for President Nicolas Maduro as he tries to halt an economic slide and preserve the radical socialist legacy of his late mentor Hugo Chavez. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins (VENEZUELA - Tags: POLITICS ELECTIONS) ORG XMIT: VEN07
    Eleitor lança seu voto em uma caixa, durante eleições municipais, em Caracas (Venezuela)

    Com quase um ano de atraso, causado por deliberadas manobras do regime de Nicolás Maduro, a Venezuela vai às urnas neste domingo (15) para eleger governadores de seus 23 Estados.

    A forma como o pleito será conduzido e a aceitação plena dos resultados, sejam positivos ou não para o chavismo, poderão dar a medida do caminho que o ditador venezuelano pretende seguir: manter a repressão policial e o cerceamento político a seus adversários ou abrir canal efetivo de diálogo.

    A votação deveria ter ocorrido até dezembro de 2016, em observância ao período de quatro anos de mandato fixado pela Constituição chavista de 1999.

    Poucos meses antes, entretanto, o Conselho Nacional Eleitoral, dominado pelo governo, argumentou que a instabilidade institucional e a crise econômica impediam o país de organizar o processo. A oposição viu na decisão uma manobra de Maduro, cuja popularidade caía, para evitar uma provável derrota de sua base nos Estados.

    Em fevereiro, o mesmo CNE anunciou um segundo adiamento, agora sob a justificativa de recadastrar os partidos —somente o governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) foi liberado da exigência de coletar um mínimo de assinaturas de apoio.

    O pleito, decidiu-se então, ocorreria em dezembro deste ano, mas veio a terceira interferência do regime. O arremedo de Assembleia Constituinte inventado neste ano pelo chavismo determinou o adiantamento para este mês, sem ao menos uma explicação técnica.

    Posto o claro componente manipulador sobre as eleições, afigura-se razoável a preocupação dos opositores quanto a eventuais fraudes, tal como se viu na farsa das urnas para a Constituinte. Maduro, mais uma vez, não permitiu a entrada de observadores estrangeiros independentes.

    Pesquisas apontam que os antichavistas podem vencer em pelo menos 12 Estados, entre eles os populosos Miranda e Lara, que já administram, e Zulia e Táchira, onde houve expressivas manifestações contra o regime —que, hoje, não comanda apenas três unidades federativas.

    Se tal previsão se confirmar, o ditador se verá forçado a reconhecer um novo equilíbrio de forças —ou, no pior dos cenários, usar seu controle sobre o Judiciário e encontrar algum pretexto para impugnar rivais eleitos.

    Maduro sinalizou nesta semana que retomaria contato com a oposição, sob intermediação da República Dominicana. Seus adversários dizem que ainda é cedo para tanto. Convém, de fato, esperar o que virá das eleições regionais.

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