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    editorial

    Ambições chinesas

    22/10/2017 02h00

    Zhang Yuwei/Xinhua
    Meng Guanglu (em pé), vice-presidente da Federação de Círculos Literários e Artísticos da China e artista da Ópera de Pequim,canta a pedido dos jornalistas durante entrevista coletiva no Congresso Nacional do Partido Comunista
    Meng Guanglu (em pé), vice-presidente da Federação de Círculos Literários e Artísticos da China e artista da Ópera de Pequim,canta a pedido dos jornalistas durante entrevista coletiva no Congresso Nacional do Partido Comunista

    A cada cinco anos o Congresso Nacional do Partido Comunista da China reúne o núcleo do poder para revisar as linhas mestras do plano de desenvolvimento econômico e social para o período seguinte.

    Um mandato presidencial, na prática corrente, dura dez anos, ou dois congressos. A 19ª edição, que ocorre em Pequim até terça-feira (24), marca a metade do decênio de Xi Jinping, que se firma como o líder mais poderoso desde Deng Xiaoping, que iniciou a abertura econômica do país em 1979.

    Até aqui, ele promoveu ampla campanha de combate à corrupção, que atingiu várias figuras de ponta no governo e no partido, muitos deles potenciais opositores.

    Reforçou o jugo do PC chinês sobre órgãos de Estado, em alguma medida invertendo o caminho que vinha sendo trilhado gradualmente desde o início da abertura.

    Ao mesmo tempo, na economia, aprofundou o controle estatal sobre setores estratégicos, como infraestrutura, finanças, tecnologia e indústria de ponta.

    Em sua mensagem de abertura, o presidente afirmou que a meta daqui para a frente será consolidar o desenvolvimento da "economia socialista de mercado", com vistas a uma sociedade "moderadamente próspera até 2035" e "próspera, forte e democrática até 2050".

    Para tanto, pretende aprofundar o investimento em áreas como inteligência artificial, robótica e biotecnologia. De outro lado, buscará conter a tendência ao excesso de endividamento e aos investimentos perdulários, que atingem níveis preocupantes e hoje ameaçam a expansão da economia.

    São objetivos ambiciosos. Se o país conseguir de fato superar a chamada armadilha da renda média –em que o desenvolvimento estaciona num patamar anterior ao da fronteira tecnológica–, será o primeiro caso de sucesso entre nações de industrialização tardia e dimensões continentais.

    O modelo chinês continua a assombrar o Ocidente. Expectativas de que seu desenvolvimento resultaria em maior abertura política e certa convergência democrática se mantêm frustradas.

    Ao contrário, nos últimos anos, sob Xi Jinping, o controle do Partido Comunista se aprofundou, e a ditadura em nada arrefeceu.

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