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    editorial

    A vitória de Abe

    24/10/2017 02h00

    Ma Ping/Xinhua
    (171022) -- TOKIO, octubre 22, 2017 (Xinhua) -- El primer ministro japonés y presidente del Partido Liberal Democrático (PLD), Shinzo Abe, posa mientras coloca un distintivo sobre el nombre de un candidato ganador en la sede del PLD, en Tokio, Japón, el 22 de octubre de 2017. La facción gobernante en Japón liderada por el primer ministro Shinzo Abe se perfila para ganar una sólida mayoría en las elecciones parlamentarias del domingo, de acuerdo con encuestas de salida de medios locales. (Xinhua/Ma Ping) (rtg) (ah)
    O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe

    Movido pelo senso de oportunidade, o primeiro-ministro do Japão, o conservador Shinzo Abe, antecipou as eleições e conseguiu manter os dois terços de controle da Câmara Baixa, equivalente à Câmara dos Deputados brasileira.

    Com 313 cadeiras (de 465) asseguradas por sua coalizão no pleito de domingo (22), Abe, no poder desde 2012, habilita-se a mais quatro anos no cargo. Se os cumprir, virá a ser o mais duradouro premiê do país desde a Segunda Guerra.

    A base renovada lhe dá força para o que mais ambiciona: alterar o artigo da Constituição japonesa que proíbe a declaração de guerra contra outro Estado e o uso da força para resolver disputas.

    Para seus apoiadores, a legislação, uma imposição americana ao derrotado Japão no pós-guerra, não faz mais sentido ante o cenário de tensão militar em torno do país. A saber, a crescente ameaça da Coreia do Norte, cujo regime tem comprovada capacidade de lançar mísseis em solo nipônico.

    A revisão constitucional requer o apoio das duas Casas, nas quais o premiê tem maioria, mas também aprovação por referendo. Mas eis aí o aspecto paradoxal do governo: o sucesso nas urnas não significa exatamente popularidade.

    Recente pesquisa apontou que 51% dos japoneses não gostariam de ver o premiê mantido no cargo. O voto no governismo se deu mais pelo esfacelamento da oposição, aproveitado por Abe —em contraste com a líder britânica Theresa May, que empregou o mesmo estratagema e acabou por perder o controle no Parlamento.

    O tema da militarização também divide a sociedade. As últimas sondagens indicam que metade apoia a mudança do papel das Forças Armadas. A outra parcela teme que isso possa ser entendido por potenciais rivais da região, casos de China e Coreia do Norte, como estímulo para se armar ainda mais.

    No entanto, a despeito de escândalos de suposto favorecimento a empresários —cuja monta provocaria risos se comparada às de malfeitos da política brasileira—, o premiê tem demonstrado habilidade para sobreviver à movediça realidade política do Japão, até por já ter sido vítima dela.

    Afinal, entre 2006 e 2012 o país teve seis líderes. Uma dessas breves passagens foi justamente de Abe, ceifado pela baixa popularidade.

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