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    editorial

    PM na berlinda

    03/11/2017 02h00

    Uma declaração infeliz do ministro Torquato Jardim, da Justiça, provocou turbulência desnecessária nas relações entre os governos federal e do Estado do Rio.

    Em entrevista ao blog de Josias de Souza, hospedado no UOL, o ministro aventurou-se a apontar um conluio geral entre a Polícia Militar fluminense e o crime organizado –do qual "comandantes de batalhão", não especificados, seriam sócios.

    Acusou a administração estadual, ademais, de não ter comando sobre a PM; o problema, disse, só será resolvido após a eleição de um novo governador.

    Tais ataques refletem, sem dúvida, conflitos acumulados ao longo de sucessivas intervenções da União na tentativa de atenuar a calamitosa situação da segurança pública do Rio de Janeiro, envolvendo o Exército e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), esta vinculada à pasta da Justiça.

    Os militares não fazem segredo de sua aversão à tarefa. E com razão: além de não serem treinadas para as funções de policiamento, as tropas ficam sujeitas ao risco de contaminação no contato com o mundo do narcotráfico.

    Mais talhada para missões de emergência, a FNSP mantém centenas de homens no Estado, por mais tempo do que seria recomendável e com resultados efêmeros.

    À fala de Torquato Jardim seguiram-se reações veementes de autoridades fluminenses, incluindo o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que anunciou a intenção de interpelar o ministro na Justiça.

    Ora, é evidente que ninguém, muito menos um servidor público de primeiro escalão, pode fazer acusações tão graves sem dispor de provas que as sustentem.

    Mas, se não deve ser tratada de modo tão genérico e ligeiro, a corrupção na PM do Rio constitui fato mais que notório –para além do filme "Tropa de Elite", lançado dez anos atrás, há fartura de episódios de policiais presos ou investigados por envolvimento com criminosos.

    Muito da repercussão da entrevista se deve, decerto, à verossimilhança do relato. Se o ministro dispõe de informações de serviços de inteligência, como indica, não pode limitar-se às palavras.

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