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    editorial

    Conexão russa

    06/11/2017 02h00

    Drew Angerer/Jim Watson/AFP
    James Comey e Donald Trump
    James Comey e Donald Trump

    Em maio, após surpreender a opinião pública americana com a demissão do diretor do FBI, James Comey, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu que sua decisão se devia, em parte, ao que chamou de "essa coisa da Rússia".

    Em linguagem coloquial, o mandatário referia-se ao imbróglio das relações nebulosas mantidas por alguns de seus principais assessores de campanha com representantes do governo russo –com vistas a prejudicar a adversária democrata, Hillary Clinton, e abrir canais para outros entendimentos.

    Desde então, "essa coisa da Rússia" o persegue como bola de neve. A destituição de Comey foi interpretada por muitos como uma tentativa da Casa Branca de obstruir as investigações conduzidas pela polícia federal americana.

    Para afastar suspeitas, o Departamento de Justiça viu-se pressionado pela oposição a nomear um "conselheiro especial" com a missão de assegurar a independência e a continuidade do inquérito.

    Robert Mueller, o nome escolhido para a função, tem cumprido seu papel. Sob sua supervisão, novos elementos vieram à tona.

    O episódio mais recente foi o indiciamento de Paul Manafort, ex-diretor da candidatura de Trump, e de Rick Gates, que também integrava a equipe. Ambos apresentaram-se à Justiça em 30 de outubro, sob a acusação de lavagem de dinheiro, fraude tributária e conspiração contra os EUA.

    Embora os fatos não tenham relação direta com a interferência russa na eleição, dizem respeito a serviços prestados nos últimos dez anos ao ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovitch, o líder pró-Rússia deposto em 2014.

    No mesmo dia, soube-se que um terceiro assessor da campanha de Trump, George Papadopoulos, prestara falsos depoimentos ao FBI acerca de contatos, durante a corrida eleitoral, com um professor russo que teria relações com o governo de Vladimir Putin.

    Os três casos deram mais verossimilhança às suspeitas de conluio entre a candidatura republicana e agentes da Rússia –e realimentaram especulações sobre o presidente estar a par da trama.

    O recente atentado em Nova York e revelações da imprensa de que a equipe de Hillary Clinton teria pagado um dossiê para desmascarar o suposto conluio ofereceram a Trump a chance de aplacar os efeitos das investigações. Trata-se, porém, de alívio provisório.

    Tudo indica que as investigações vão prosseguir, num sinal de vitalidade das instituições americanas.

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