• Opinião

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    JOÃO GOMES CRAVINHO E MAURICIO VOIVODIC

    É hora de unir forças: o setor privado e o Acordo de Paris

    24/11/2017 02h00

    Han Qian/XinHua
    The Arc de Triomphe is lit in green in Paris, France on Nov. 4, 2016 to celebrate the entry into force of the Paris Agreement on climate change.
    Arco do Triunfo com luz verde para celebrar entrada em vigor do Acordo de Paris, em 2016

    O clima está na agenda política internacional. Com o Acordo de Paris, o mais importante documento global de clima de toda a história, 190 países (97% das emissões globais) apresentaram as intenções de redução de gases de efeito estufa, e os desafios que se colocam ao mundo não podem ser resolvidos unilateralmente. Pelo contrário, exigem cada vez mais cooperação.

    O Acordo de Paris aponta para uma transição global, exigindo incentivos a mudanças por parte dos cidadãos e das instituições, nos negócios e investimentos do setor privado. Não atuar resultaria em impactos negativos para o meio ambiente, a economia e a saúde pública; aumentaria, ainda, as desigualdades entre os países.

    O acordo se encaixa no quadro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para erradicar a pobreza, construir economias mais prósperas e sociedades mais justas.

    Às nações que aproveitarem o momento abrem-se excelentes oportunidades de desenvolvimento, transformação econômica e criação de empregos, produtos e serviços, por meio das novas opções ligadas às tecnologias de baixo carbono.

    A União Europeia lidera os esforços mundiais de combate às mudanças climáticas, e os governos são os principais responsáveis por legislar. O papel do setor privado, porém, é essencial, e a transição de modelo permite inúmeras inovações de baixo carbono.

    O setor privado e seu potencial para financiar ações de mitigação e adaptação são fundamentais, na visão europeia. O setor privado deve ser um parceiro capaz, poderoso e engajado para uma transição rumo à economia de baixo carbono, e uma alavanca para o crescimento econômico sustentável e inclusivo.

    Por sua vez, o sistema financeiro precisa mudar e se adaptar. Novos modelos de investimento e empréstimo precisam ser projetados para empresas verdes e outras formas de utilizar fundos públicos e privados devem ser desenvolvidas. Soluções existem; novas tecnologias, modelos de negócios e instrumentos financeiros já estão disponíveis, e o setor privado é a peça fundamental para colocá-los em prática.

    A União Europeia e o WWF-Brasil trabalham para impulsionar o financiamento a tais iniciativas e contribuir para que o setor privado eleve a ambição na redução de emissões, encontrando e implementando as soluções necessárias.

    O financiamento é um dos principais gargalos para as ações. A UE, que é um dos maiores fornecedores da verba pública para essa finalidade, dedica 20% do seu orçamento 2014-2020 ao setor, incluindo € 14 bilhões para ajuda a países em desenvolvimento e outros parceiros.

    Além disso, está empenhada em aumentar a mobilização do financiamento internacional da ação climática, no objetivo coletivo dos países desenvolvidos de mobilizarem conjuntamente US$ 100 bilhões por ano entre 2020 e 2025.

    No cenário internacional, dois anos depois do Acordo de Paris, as partes retornaram às negociações para desenvolver as regras e estratégias para implementar as metas individuais. Em dezembro, o clima voltará a ser assunto com foco específico no financiamento, em uma reunião convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron.

    E, nos dias 27 e 28 deste mês, a UE vai organizar em São Paulo o Fórum de Negócios Verdes, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente, da WWF-Brasil e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), para dar fluidez à relação entre entidades financeiras e o setor privado e agilizar a disponibilização de fundos para soluções inovadoras às metas de sustentabilidade energética, gestão ambiental e redução de emissões de carbono no Brasil.

    A transição para a economia de baixo carbono não é uma escolha ou uma demanda ambientalista. É uma questão de sobrevivência.

    JOÃO GOMES CRAVINHO, doutor em economia pela Universidade de Oxford, é embaixador da União Europeia no Brasil
    MAURICIO VOIVODIC, engenheiro florestal e mestre em ciência ambiental pela USP, é diretor-executivo do WWF-Brasil

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