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    Editorial

    Nas asas do Estado

    04/12/2017 02h00

    Acervo Infraero
    Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro
    Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro

    Se no campo ideológico parece haver menor recusa às privatizações, obstáculos mais mundanos persistem. Além das complexidades da regulação de cada setor envolvido, outro fator crucial para atrasos e recuos continua a ser a oposição do mundo político.

    Um dos casos mais notáveis é o da Infraero, estatal responsável pela administração dos aeroportos.

    Mesmo obsoleta e ineficiente, a empresa teve seu protagonismo assegurado no ciclo de concessões da gestão Dilma Rousseff (PT). Por insistência da então presidente, ficou com 49% do capital dos consórcios que arremataram ativos importantes, como Galeão e Viracopos.

    O primeiro foi concedido em 2013 a um consórcio liderado pela Odebrecht, que pagou R$ 19 bilhões. Falho desde o início, o empreendimento se tornou insustentável depois que a Lava Jato expôs a atividade criminosa da construtora.

    Em julho deste ano chegou-se a um entendimento para a venda da participação da empresa ao grupo chinês HNA Infrastructure. Ocorre que o acordo depende de investimento de R$ 1,5 bilhão da Infraero, que resiste em fazê-lo com o argumento de que, segundo sua análise, haverá prejuízo no negócio.

    Em que pese o aspecto técnico, há sinais de que fatores menos nobres emperram as tratativas. A estatal aeroportuária sofre forte influência do PR, partido que tem a ganhar com a presença estatal no setor –um impasse no caso do Galeão poderia reverter a privatização.

    Indícios dessa nefasta motivação já eram visíveis em outubro, quando o governo federal retirou o aeroporto de Congonhas da lista dos próximos a serem concedidos.

    A decisão veio pouco antes da votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados, em troca dos votos do PR para barrar o avanço do processo.

    A venda da Eletrobras também enfrenta expressiva resistência no Congresso. Reconheça-se que há razões para cautela: a transação é cercada de dúvidas quanto à regulação do setor energético.

    Infelizmente, contudo, grande parte das objeções é motivada pelo mero interesse de preservar cargos e poder. Justamente por isso, a privatização, com preço correto e modelo que assegure o maior benefício para a coletividade, mostra-se o melhor caminho.

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