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Policiais civis do Rio de Janeiro tiram foto ao lado do traficante Rogério 157 |
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Opinião
Sunday, 05-May-2024 22:35:30 -03editorial
Selfies com o traficante
09/12/2017 02h00
A prisão do traficante Rogério Avelino da Silva, no Rio de Janeiro, foi festejada pelos policiais que a realizaram com selfies e outras imagens nas quais Rogério 157, como é conhecido, aparece ora como uma espécie de troféu de caça, ora como celebridade.
Não há dúvida de que capturar o bandido mais procurado do Estado configura façanha digna de nota.
Ele foi recentemente pivô de um sangrento conflito entre facções criminosas na favela da Rocinha, que precipitou, mais uma vez, o envio das Forças Armadas à capital fluminense para conter o quadro de violência descontrolada.
Todavia o espetáculo midiático promovido pelos agentes —procedimento que se torna frequente em ações policiais— foi além, sem dúvida, do que seria recomendável.
Haveria motivos mais sólidos para comemoração se a prisão do traficante tivesse representado mudança substancial no cenário de insegurança instalado no Rio. Infelizmente, não é esse o caso.
O próprio secretário estadual da Segurança, Roberto Sá, em manifestação realista, declarou que a história "mostra que essas pessoas acabam sendo sucedidas".
Rogério 157, como seus antecessores, é peça de uma engrenagem que há décadas desafia as políticas de combate ao crime no país.
Há que repensar, pois, a maneira como as autoridades públicas têm tentado enfrentar o tráfico de drogas e as guerras de facções –um caríssimo trabalho de Sísifo.
No plano internacional, avançam alternativas como a paulatina legalização de algumas substâncias proibidas, caso da maconha.
Não se trata, claro, de panaceia. O Brasil ainda tem longo caminho a percorrer em termos de aperfeiçoamento das polícias e de suas políticas sociais; propostas de descriminalização, ademais, devem passar por consulta popular.
É forçoso, porém, reconhecer que a guerra às drogas se mostra ineficaz. A própria influência ampla do narcotráfico nos presídios ilustra de modo eloquente os limites das ações repressivas.
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