• Opinião

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    Editorial

    Jogo viciado

    20/12/2017 02h00

    Sergio Moraes/Reuters
    Marco Polo Del Nero durante evento da CBF no Rio de Janeiro

    Em matéria de envolvimento em escândalos, parte da cúpula do esporte brasileiro não deixa nada a dever a representantes da política e da vida empresarial que ora respondem a processos judiciais ou se veem condenados por corrupção e lavagem de dinheiro.

    Há pouco mais de um mês, o então presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, foi submetido a prisão preventiva e compelido a renunciar ao cargo, sob acusação de ter participado de compra de votos para assegurar a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016.

    Agora, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero, foi banido por 90 dias pela Fifa, entidade máxima daquele esporte.

    A medida, também de caráter preventivo, ocorre em meio a uma investigação nos EUA sobre cobrança de propina por parte da CBF para beneficiar empresas de marketing em contratos de exploração de torneios como a Copa do Brasil e a Copa América.

    Desde maio de 2015, Del Nero deixou de sair do país temendo ser detido por agentes do FBI, como ocorreu com seu antecessor, José Maria Marin —que está sendo julgado por um tribunal americano.

    As acusações contra Marin levadas à corte deixaram Del Nero em situação ainda mais difícil. São eloquentes os indícios de que o atual presidente se beneficiou do mesmo esquema fraudulento, e a suspensão determinada pela Fifa indica que sua situação vai se tornando insustentável.

    No entanto, como tem sido comum no Brasil em casos semelhantes, Del Nero está disposto a levar seus esforços de sobrevivência às últimas consequências. Prepara-se para apresentar recursos contra o banimento ao mesmo tempo em que monitora sua sucessão.

    Na hipótese, que se torna mais provável, de não obter a reeleição, o dirigente pretende ao menos passar o bastão a um apaniguado.

    As eleições da CBF, a exemplo do que se vê em outras entidades esportivas, são reguladas por normas feitas sob medida para assegurar o continuísmo.

    É auspicioso que tais malfeitos comecem a ser esclarecidos —e que ao menos parte dos envolvidos se veja submetida à Justiça. Não é demais lembrar, porém, que tanto no caso do COB quanto no da CBF, as investigações foram conduzidas por órgãos internacionais.

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