• Opinião

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    LUANA TAVARES, GUILHERME AFIF DOMINGOS E ANTÔNIO PIPPONZI

    O ano acabou; a força-tarefa pela reforma da Previdência continua

    26/12/2017 08h00 - Atualizado às 15h25

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 12-12-2017, 18h00: O presidente Michel Temer, acompanhado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Moreira Franco (Secretaria Geral), Eliseu Padilha (Casa Civil) e do presidente da CNI Robson Andrade, durante reunião com líderes empresariais para tratar da Reforma da Previdência, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O presidente Michel Temer em reunião com líderes empresariais para tratar da reforma da Previdência

    De nada adiantou falar, explicar e desenhar: o Congresso Nacional não entendeu que o presente e futuro do país estão em suas mãos e que a atitude é urgente.

    A discussão em torno da reforma da Previdência se tornou um embate entre esquerda e direita, governo e oposição, bem e mal. O problema é que quem sai perdendo não é apenas um dos lados dessa visão maniqueísta. Quem perde é o Brasil.

    É absurdo observar o show de falácias dos opositores à reforma, distorcendo fatos e publicando inverdades, claramente se aproveitando da fé popular em suas "boas intenções". É também indignante observar uma dissidência na base do governo, que não contribui e até atrapalha os que que lideram essa empreitada.

    Vimos indecisão rasa e desconhecimento da proposta. Vimos cálculos de custo político, mas sem considerar que é o eleitor que depois pagará a conta. Lamentável.

    Quando nós, organizações da sociedade civil e especialistas, somamos esforços em prol de uma causa, significa que uma parte da sociedade responsável e entendedora se importa, quer transformar compreensão em ação.

    Ao decidirmos olhar para a reforma da Previdência com a preocupação de quem vive um país que já sofre com a falta de investimentos em saúde, educação e segurança, nós o fizemos porque precisamos garantir às gerações futuras um país em que existam garantias fundamentais asseguradas, em que haja justiça social, e para que essas mesmas gerações não precisem tomar medidas mais drásticas do que as atualmente propostas.

    O deficit existe, não é uma verdade fabricada. Só no ano passado, de acordo com dados do TCU, ele foi de R$ 180 bilhões, e as perspectivas de aumento são terríveis. A média de aposentadoria de um servidor público é de R$ 9.000,00, enquanto a que de um trabalhador da iniciativa privada é de R$ 1.600,00 —isso é desigualdade.

    A pirâmide etária logo menos se inverterá; se hoje temos 16,5 milhões de idosos, em 2040 eles serão 40 milhões, e teremos mais aposentados do que contribuintes. A conta não vai fechar.

    O encerramento do ano legislativo não deu fim a essa realidade. Ela persiste e insiste em piorar a cada dia em que nada se faz a respeito.

    Por isso e pela responsabilidade que carregamos como brasileiros é que insistimos que essa luta não acabou. Ainda estamos aqui, e estaremos em fevereiro de 2018 quando a reforma for colocada em pauta.

    Não descansaremos até que essa aprovação seja conquistada, até que cada parlamentar esteja ciente de que um voto contra a reforma da Previdência é um voto contra o Brasil.

    Representamos diferentes segmentos da sociedade, mas compartilhamos a profunda preocupação de que as futuras gerações podem herdar um país em piores condições. Juntos, ainda que com perspectivas distintas, acreditamos que uma reforma no sistema da Previdência seja o caminho para o desenvolvimento sustentável do país.

    Estamos munidos da convicção de que a mobilização da sociedade a favor da reforma é a única maneira de se iniciar um ano eleitoral —um ano que nos traz a perspectiva de mudanças e renovação.

    Esperamos que o Congresso Nacional compreenda que pode escolher entre fazer parte do novo ou se apegar ao passado. E que, se optar pelo passado, que nele fique.

    LUANA TAVARES é diretora-executiva do Centro de Liderança Pública

    GUILHERME AFIF DOMINGOS é presidente nacional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)

    ANTÔNIO CARLOS PIPPONZI é presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV)

    Subscrevem este artigo:

    CLÁUDIO GASTAL - presidente-executivo do Movimento Brasil Competitivo

    JOSÉ CECHIN - engenheiro e economista, é ex-ministro da Previdência (2002-2003, governo FHC)

    GESNER OLIVEIRA - economista, sócio da GO Associados e professor da FGV, é ex-presidente da Sabesp (2007-2010, governo Serra)

    PIERRE MOREAU - sócio do Moreau Advogados e membro do conselho do Insper Direito

    HUGO BETHLEM - diretor-geral do Instituto Capitalismo Consciente

    MARCOS GOUVEA - diretor-geral da Gouvêa de Souza e conselheiro do IDV

    JOSÉ MÁRCIO CAMARGO - professor do Departamento de Economia da PUC-Rio

    MATEUS BANDEIRA - ex-secretário do Planejamento, ex-presidente do Banrisul e da Falconi, é conselheiro no Banco Pan

    PAULO SOLMUCCI JR. - presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes)

    PRISCILA PEREIRA PINTO - presidente do Instituto Millenium

    CAIO PORTUGAL - presidente da Aelo (Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano)

    GEORGE PINHEIRO - presidente da Cacb (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil)

    JOÃO ROBERTO G. TEIXEIRA - economista

    PEDRO DE CAMARGO NETO - ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) e consultor

    JUAN JENSEN - economista, atua como consultor e professor no Insper

    MARINA CANÇADO - coordenadora-executiva do GBM (Geração Brasil Melhor)

    LEONARDO ROLIM GUIMARÃES - Ex-secretário da Previdência e consultor de Orçamento da Câmara dos Deputados

    FLÁVIO AMARY - presidente do Secovi/SP (Sindicato da Habitação)

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