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    STEFAN KETTER

    Rota 2030 e a reindustrialização do Brasil

    28/12/2017 02h00

    Pedro Silveira - 29.nov.2011/Folhapress
    BETIM, MG, BRASIL. 29-11-2011, 14h30: Carcaça do Palio, na linha de produção da Fiat, em Betim (MG). Cledorvino Belini, presidente da Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores) e da Fiat, afirma que chineses que anunciam fábrica no país não planejam produzir carros com alto conteúdo nacional. (Foto: Pedro Silveira/Folhapress)
    Linha de produção da Fiat, em Betim (MG)

    A indústria automotiva brasileira começa a sentir os primeiros sinais de recuperação depois de quedas sucessivas e sem precedentes de vendas desde o desempenho recorde de 3,6 milhões de veículos vendidos em 2012.

    O setor vai encerrar o ano com 2,2 milhões de unidades comercializadas no mercado interno, cerca de 10% acima do ano anterior. As exportações devem crescer mais de 40%, o que alavancará a produção em 25% sobre 2016.

    Apesar da reação, o mercado interno ainda está 40% abaixo de seu grande momento em 2012. Na prática, o setor retrocedeu uma década e voltou aos níveis de vendas de 2007. Não é possível atravessar incólume uma turbulência dessa magnitude. Muito se aprende e se transforma em processos assim.

    A primeira constatação é que a indústria automotiva, o setor industrial mais importante da economia brasileira, precisa tornar-se mais forte e competitivo, para absorver os impactos deste e de eventuais futuros momentos desfavoráveis. Isso significa consolidar uma indústria local com padrões mundiais de competitividade, que produza veículos que atendam às normas e regras de segurança e eficiência energética de outros grandes mercados.

    Estamos avançando. Os últimos anos foram de investimento em projetos e na adoção de novas tecnologias, em processo estimulado pelo Inovar-Auto, regime automotivo que vigorou de 2013 até este ano. O setor investiu mais de R$ 40 bilhões, dos quais mais de R$5 bilhões por ano em pesquisa, desenvolvimento e engenharia. Novas fábricas foram construídas, outras modernizadas, novos processos e tecnologias foram incorporados.

    A indústria evoluiu em competitividade. Posso assegurar que o Polo Automotivo Jeep, inaugurado em 2015 em Pernambuco, é a mais moderna fábrica da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) no mundo.

    Incorporou em sua concepção e operação as melhores práticas acumuladas ao longo de anos pelos grupos Fiat e Chrysler. Já se tornou referência para unidades que começamos a construir na China e nos Estados Unidos.

    O Inovar-Auto, mesmo com pontos críticos, cumpriu seu papel de política com ganhos significativos para o país e a sociedade, propiciados pelo incremento da eficiência energética resultante do programa.

    A transformação da indústria nos últimos anos justifica a necessidade de um novo marco regulatório que promova e estabeleça as regras para a indústria automotiva até 2030. Este marco está em discussão entre governo e cadeia automotiva, incluindo montadoras, fornecedores de autopeças, sindicatos e demais players.

    O nome dado a este esforço é Rota 2030, que expressa o objetivo estratégico de estabelecer políticas e metas setoriais para os próximos 13 anos, cruciais para a indústria automotiva no Brasil e no mundo, considerando-se a velocidade e envergadura das transformações globais da indústria da mobilidade.

    Este novo marco é baseado em princípios como visão e planejamento de longo prazo, previsibilidade e segurança jurídica. Em função de seus reflexos e desdobramentos, o Rota 2030 é uma necessidade estratégica para a economia brasileira e tem potencial para ser mais do que um regime automotivo.

    Tem envergadura para ser uma verdadeira política industrial que estimule a reindustrialização do Brasil em bases mais eficientes e competitivas do que jamais foi alcançado.

    STEFAN KETTER, 58, paulistano, é engenheiro e presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina

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