Quando o MIS (Museu da Imagem e do Som) foi instalado na avenida Europa, houve argumentos de que um museu nesse local seria contrário à Lei de Zoneamento, uma vez que o bairro era considerado estritamente residencial, tendo o IPTU mais caro da cidade.
Em defesa da sua instalação nesse bairro, foi dito que o museu guardaria as imagens e os sons da época para serem consultados e conhecidos pelas gerações vindouras, portanto nunca teria um acúmulo de visitantes na mesma hora.
Eduardo Knapp/Folhapress |
O Paço das Artes ocupava dois andares do prédio do MIS, fazia exposições de arte e oferecia vários cursos, mas foi despejado justamente porque suas atividades não se adequavam à Lei de Zoneamento em vigor e foi transferido para a Cidade Universitária.
André Sturm, que deve ser muito amigo do rei, pois, ao perder o Cine Belas Artes (que agora voltou para ele), foi nomeado diretor do MIS e transformou esse museu em uma casa de shows, com atrações de forte apelo popular.
Não me consta que um programa de televisão voltado para crianças, um roqueiro inglês e um diretor de cinema americano possam ser considerados "cultura" que justifiquem o gasto do dinheiro público.
Em uma dessas festas, segundo a reportagem da Ilustrada, o MIS foi multado pela subprefeitura de Pinheiros por excesso de gente. Isso é surrealista! Um órgão do governo desobedece a lei e é multado, sendo que o dinheiro que sustenta esse museu é do povo que paga impostos. O André Sturm usa o bem público para seu proveito, e nós pagamos.
Se eu pretendesse entrar com o meu carro em uma rua da cidade onde isso é proibido, eu seria considerada "gente diferenciada"? E a polícia, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ou outra autoridade qualquer não tomaria uma providência para me impedir de burlar a lei?
O jornalista Marco Rodrigo Almeida foi muito bonzinho ao descrever o que está acontecendo no bairro graças à desobediência da Lei de Zoneamento por esse diretor do MIS. Nas ruas Portugal, Argentina, Alemanha, França e Inglaterra, estacionam de oito a dez ônibus (há placas sinalizando a proibição da entrada de ônibus) enquanto jovens fazem piquenique nas calçadas, deitam-se na grama em frente às casas, namoram e fazem dos portões das casas banheiros públicos. Eu pergunto: onde está o Ministério Público para coibir esse abuso?
Se existe uma lei, o mínimo que o cidadão exige é que ela seja obedecida por todos, incluindo o governo, sem que o cidadão precise fazer a abaixo-assinados exigindo o seus direitos, e seja vítima da truculência dos marginais que se julgam acima das leis e dos direitos dos cidadão e que combinam pela internet "arrastões" para desafiar a lei e intimidar os moradores indefesos.
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