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    PM endurece tática contra manifestantes

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    01/08/2013 03h10

    A Polícia Civil recorreu a uma estratégia para manter presos cinco dos 20 manifestantes detidos anteontem após protesto na avenida Rebouças, em São Paulo: os acusou de formação de quadrilha, um crime inafiançável.

    Os cinco --dos quais um designer e quatro estudantes de primeiro e segundo graus-- são acusados de jogar pedras contra um carro da Rota, da Polícia Militar.

    Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
    Rescaldo do protesto contra o Governador Geraldo Alkmin
    Rescaldo do protesto contra o Governador Geraldo Alkmin

    'Não é possível tolerar vandalismo', diz Alckmin sobre as manifestações

    O protesto foi marcado por vandalismo de pessoas mascaradas contra agências bancárias e uma loja de carros, mas ninguém foi identificado de cometer esses crimes.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os cinco estão detidos em unidades prisionais para presos provisórios na capital paulista. A defesa deles entrou ontem com pedido de liberdade provisória ou relaxamento do flagrante --a decisão da Justiça deve sair hoje.

    O designer gráfico Thiago Frias, 31, de Pinheiros (zona oeste) e o estudante Francisco Lopes, 20, de Santa Cecília (centro), são acusados de dano qualificado por supostamente terem atirado as pedras. Amigos de Thiago dizem que ele foi preso enquanto estava sentado, após a polícia lançar gás lacrimogêneo.

    Os estudantes Andressa Santos, 19, do Grajaú (extremo sul), Nicolas de Deus, 20, da Vila Carrão (zona leste) e Bruno Soares, 19, que é de Paulista (Pernambuco), respondem por tentar atirar pedras (tentativa de dano) no carro da PM, diz o registro da ocorrência na delegacia.

    Os cinco também foram acusados de xingar policiais de "assassinos do Alckmin" e de resistir à prisão.

    Com eles foram apreendidos vinagre, pincel atômico, leite de magnésio, máscara de proteção e um celular.

    Luiz Guilherme Ferreira, que defende os cinco, disse que o grupo não se conhecia, o que, diz, desqualifica a acusação de formação de quadrilha. Ferreira nega ainda que eles tenham atirado as pedras.

    Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, os delegados têm autonomia para classificar os casos da maneira mais apropriada na lei e que a Justiça decidirá se a interpretação é correta.

    A Folha apurou que a estratégia de delegados de prender por formação de quadrilha é um modo de endurecer contra manifestantes.

    O mesmo havia sido feito em junho, após protesto contra o aumento das tarifas de transporte. Na ocasião, 13 pessoas foram presas por formação de quadrilha --12 delas soltas porque a Justiça disse não haver provas.

    PROVAS

    A manifestação de anteontem foi marcada pela depredação de agências bancárias e de uma loja de carros por pessoas mascaradas. Eles integravam o protesto, que pedia a desmilitarização da PM e criticava o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

    A Polícia Militar deteve outras 15 pessoas suspeitas de participar dos atos de depredação, dos quais dois professores. Mas todos foram liberados porque os próprios policiais que os detiveram afirmaram que não era possível "apontar nenhum dos averiguados como autores do delito, tornando inviável a individualização da conduta".

    A polícia irá analisar imagens de câmeras de segurança para identificar vândalos.

    Um dos detidos e depois liberados foi Victor Oliveira, 21, estudante de história da USP. Ele disse ter participado da manifestação e que foi abordado de maneira "aleatória" pela polícia. Ele nega ter atacado as agências e diz que não integra os "Black Blocs", grupo radical acusado de articular os ataques.

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