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    Copiloto achava que drogas em helicóptero de deputado eram 'muamba', diz advogado

    PATRÍCIA BRITTO
    DE SÃO PAULO

    27/11/2013 16h53

    O copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior, que foi preso enquanto transportava 445 kg de cocaína em um helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG), acreditava que levava na aeronave "muamba" do Paraguai, disse seu advogado à Folha.

    Alexandre foi preso no domingo em uma fazenda na cidade de Afonso Cláudio (ES) com o piloto Rogério Antunes, com quem transportava a droga. Antunes é funcionário da empresa Limeira Agropecuária, que tem como um dos sócios o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), 28, filho do senador Zezé Perrella, que foi presidente do Cruzeiro, campeão brasileiro de futebol deste ano.

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    A aeronave, que pertence à empresa de Perrella, também foi apreendida.

    Oliveira é apontado pelo piloto Rogério Antunes como a pessoa que teria contratado o frete para transportar a carga.

    Divulgação/Polícia Federal no Espírito Santo
    Polícia Federal apreende helicóptero com drogas de empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG)
    Polícia Federal apreende helicóptero com drogas de empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG)

    "O que consta lá é que ele teria contratado sim [o frete] para trazer muamba do Paraguai, não sabia de nada mais do que isso. O contrato seria desse tipo, e o material estaria fechado e colocado na aeronave", disse o advogado Marco Antônio Gomes, que defende Oliveira.

    A versão de Oliveira traz uma contradição no caso. Segundo o advogado de Antunes, seu cliente acreditava que a carga transportada era de insumos agrícolas.

    Outra contradição é quanto ao valor que seria pago pelo frete. Segundo o advogado de Oliveira, piloto e copiloto receberiam R$ 60 mil pelo serviço, que seria dividido entre eles. Mas, segundo o delegado Leonardo Damasceno, responsável pelo caso, Antunes disse em seu depoimento que Oliveira lhe pagaria R$ 106 mil pelo serviço.

    Em outra versão com relação aos valores, o advogado do deputado Gustavo Perrella, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que Antunes pediu autorização ao deputado para fazer um frete de R$ 12 mil com a aeronave.

    De acordo com o delegado Leonardo Damasceno, responsável pelo caso, até o momento o deputado e os demais sócios da empresa não são tratados como suspeitos de participação no crime de tráfico de drogas.

    OUTRO LADO

    O advogado Nicácio Tiradentes, que defende o piloto Rogério Antunes, afirma que seu cliente não sabia que havia drogas na carga que transportava e que achava que se tratava de "insumos agrícolas".

    Disse ainda que Antunes pediu autorização ao deputado Gustavo Perrella para fazer o frete, que seria uma atividade corriqueira para ajudar a pagar as despesas da aeronave. "Ele [Antunes] pediu autorização [para fazer o transporte], o deputado autorizou, ele veio normalmente, pegou lá a droga pensando que eram insumos agrícolas", disse Tiradentes.

    O deputado Gustavo Perrella afirma que não sabia que a aeronave de sua empresa seria usada para transportar drogas. Inicialmente, o deputado disse que não sabia que sua aeronave seria usada pelo funcionário naquele fim de semana e que trataria o caso como roubo.

    Em seguida, seu advogado afirmou que Perrella não sabia que a aeronave seria usada para transportar drogas e que, na verdade, houve apropriação indébita.

    "Ele [Antunes] se apropriou indevidamente [da aeronave] porque falou que ia fazer um frete e foi para outro Estado fazer tráfico de drogas. É crime do mesmo jeito", disse Kakay à Folha.

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