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    Políticos que votaram contra emenda não se arrependem

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    25/01/2014 03h15

    Ex-deputados que em 1984 votaram contra a emenda Dante de Oliveira defendem hoje o voto direto, mas não se arrependem da posição adotada naquela época.

    Eles avaliam que as eleições indiretas foram necessárias para a "abertura gradual" da ditadura militar.

    Dos cinco ex-deputados entrevistados pela Folha entre os 65 que foram contra a emenda das diretas, só um afirmou ter se arrependido. Todos eram filiados ao PDS, o partido herdeiro da Arena, de apoio ao regime militar.

    A maioria dos que participaram da votação de 1984 se afastou da política. Muitos morreram. O único com destaque hoje é o governador de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), 85, na época deputado por Goiás. Procurado, ele não respondeu à reportagem.

    25.abr.1984/Folhapress
    Plenário da Câmara no dia da votação da emenda; 112 deputados do PDS faltaram para barrar as diretas
    Plenário da Câmara no dia da votação da emenda; 112 deputados do PDS faltaram para barrar as diretas

    O maranhense Magno Bacelar, 75, diz que não se lembra por que votou contra, mas que não há justificativa: "Hoje não votaria, não há o que justifique. Hoje defendo que só há uma maneira de legitimar o poder, o voto direto".

    O ex-deputado baiano Félix Mendonça, 85, cujo filho Félix Mendonça Jr. (PDT-BA) lhe sucede na política como deputado federal, afirma que o voto contra a emenda ocorreu por uma estratégia para eleger Tancredo Neves.

    "Havia um medo do presidente Tancredo de que isso [a eleição direta] pudesse tumultuar o processo, então era melhor nós votarmos a indireta e eleger Tancredo."

    O ex-deputado Osvaldo Coelho, 82, de Pernambuco, critica o atual sistema eleitoral. Sobre a emenda Dante, ele explica: "Quando a gente votou contra as diretas, a gente não era contra a abertura, só tinha que ser gradual".

    Vivaldo Frota, 85, do Amazonas, seguiu o partido: "Eu, como cidadão, acho que as diretas eram uma boa, mas as votações no Congresso de todas essas mudanças seguiam a ordem das lideranças".

    O ex-deputado paraense Jorge Arbage, 89, também afirma agora ser favorável ao voto direto. "Devido às circunstâncias daquela época, achávamos que não era hora ainda [das eleições diretas]".

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