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    Advogado quer habeas corpus para índios suspeitos de matar 3 no AM

    JULIANA COISSI
    DE SÃO PAULO

    01/02/2014 18h38

    A defesa dos cinco índios tenharim que foram presos na noite de quinta-feira (30) em Humaitá (AM) vai pedir um habeas corpus para a soltura dos suspeitos. A Polícia Federal responsabiliza os cinco pela morte de três homens desaparecidos no mês passado.

    O advogado Ricardo Tavares de Albuquerque, que representa os detidos, disse que não teve acesso ainda à íntegra do inquérito. Por essa razão, segundo ele, orientou os cinco indígenas a ficarem calados durante depoimento prestado na última sexta-feira (31) à polícia. Eles negam a acusação, conforme a defesa.

    Para Albuquerque, as provas apresentadas pela PF são superficiais. "Os testemunhos são muito genéricos, de alguém que ouviu falar de outro. Não individualizam a conduta", disse.

    Segundo a polícia, os cinco índios da etnia mataram três pessoas e ocultaram os cadáveres. Apesar das buscas nas aldeias do território tenharim desde dezembro, ninguém foi localizado.

    "As conclusões da investigação apontam para a ocorrência de homicídio praticado pelos presos dentro de uma das aldeias e posterior ocultação dos cadáveres. Os corpos ainda não foram localizados", informou a PF.

    Policiais encontraram peças queimadas de um veículo dentro da área indígena. O material está sendo analisado pela perícia para verificar se eram do carro onde estavam o funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, o representante comercial Luciano Ferreira e o professor Stef de Souza.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Os três viajavam juntos pela rodovia Transamazônica (BR-230), que corta o território tenharim, quando desapareceram, no dia 16 de dezembro. Em razão de os três não terem sido localizados, moradores chegaram a fazer um protesto e atearam fogo na sede da Funai no fim daquele mês.

    Vivem no território tenharim cerca de 800 índios da etnia, que estão distribuídos em oito aldeias. A maioria da área está localizada na cidade de Humaitá, e índios cobram pedágio ao motorista que queira cortar o território via Transamazônica.

    TRANSFERÊNCIA

    Estão presos o cacique Domiceno, da aldeia Taboca, Valdinar e Simião, da aldeia Marmelo e os irmãos Gilvan e Gilson, da aldeia Kampinho. Eles dois são filhos do cacique Ivan, que morreu no fim do ano passado –segundo a polícia, o líder indígena caiu da moto.

    Além do habeas corpus, Albuquerque irá solicitar a transferência dos detidos, que foram levados pela polícia para a penitenciária estadual Pandinha, em Porto Velho (RO), considerada de médio porte.

    "A cadeia onde eles estão é desumana. O chão estava molhado, inclusive dormiram a primeira noite neste chão molhado. Havia lixo, rato, barata. Completamente insalubre", afirmou o advogado.

    A reportagem não conseguiu ouvir o governo de Rondônia, responsável pela administração do presídio de Pandinha, em relação às críticas sobre as condições da penitenciária.

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