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    PF localiza 3 corpos que podem ser de desaparecidos em reserva no AM

    MARTHA ALVES
    DE SÃO PAULO
    JAIRO BARBOSA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO VELHO

    04/02/2014 00h45

    A Polícia Federal encontrou na segunda-feira (3) os corpos que suspeita ser dos três homens desaparecidos desde o dia 16 de dezembro do ano passado, no trecho da Transamazônica que corta a reserva indígena dos Tenharim, na região de Humaitá (AM).

    O funcionário da Eletrobras Aldeney Salvador, o representante comercial Luciano Ferreira e o professor Stef de Souza viajavam juntos pela rodovia Transamazônica.

    Desde a manhã de ontem, os policiais estavam na rodovia em busca do local onde os corpos estavam enterrados, segundo os depoimentos tomados durante a investigação que apura os crimes de sequestro, assassinato e ocultação dos corpos das três vítimas. No início do mês, os policiais localizaram peças de carro queimadas dentro da terra indígena.

    Os corpos foram levados ao IML (Instituto Médico Legal) de Porto Velho (RO) para a realização de exames específicos para o reconhecimento.

    Após o laudo do IML, será possível afirmar se os corpos encontrados são das vítimas desaparecidas.

    PRISÕES

    Cinco índios da etnia tenharim foram presos na quinta-feira (30) na região de Humaitá (AM) por suposto envolvimento no assassinato dos três homens. Eles foram presos foram levados a Porto Velho, a 200 km de Humaitá.

    Entre os cinco presos estão o cacique Domiceno Tenharim, da aldeia Taboca, onde as buscas pelos corpos se concentraram, e dois filhos do cacique Ivan Tenharim, morto no início de dezembro após cair da moto -foi aberto um inquérito sobre o caso, ainda não concluído.

    As prisões ocorreram na Terra Indígena Tenharim, em trecho da Transamazônica cerca de 130 km de Humaitá. Para a captura, a Polícia Federal comandou uma megaoperação com homens da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, do Exército e da Força Nacional.

    RETALIAÇÃO

    O desaparecimento dos três homens desencadeou violentos protestos em Humaitá no fim de dezembro. Moradores atearam fogo à sede local da Funai e destruíram veículos e barcos que transportavam índios.

    Na época das revoltas contra os indígenas da região, a população não indígena chegou a acreditar que os desaparecimentos teriam sido provocados por índios tenharim em retaliação à morte do cacique Ivan Tenharim, 55.

    A versão da polícia, segundo a qual o índio morreu em um acidente de carro, foi questionada em post um no blog da Funai. Moradores acreditam que o texto teria incitado os índios. Depois do episódio, a Funai exonerou o coordenador regional que publicou o post, apontando-o como incentivador da tensão.

    A família do cacique não partilhava da suspeita de que a morte foi mais do que um acidente. "Em nenhum momento a gente falou que o meu pai foi assassinado. A gente não protestou nem chegou a acusar ninguém", disse Gilvan, 24, filho de Ivan. Ele explicou que a família não autorizou a autópsia completa por questões culturais.

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