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    Críticas de Aécio e Campos ao PT são quase idênticas

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    09/02/2014 03h40

    As duas principais pré-candidaturas de oposição ao Palácio do Planalto diagnosticam e procuram explorar os mesmos pontos fracos no governo Dilma Rousseff.

    Os documentos já lançados pelo PSDB do mineiro Aécio Neves e pela aliança de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) mostram coincidências não apenas nos temas tratados, mas até nas palavras escolhidas para as críticas e propostas.

    Os dois textos miram a crise da indústria, a má qualidade da educação, as relações com governadores e prefeitos, a segurança pública e a profusão de cargos na máquina administrativa.

    Sintomaticamente, nenhum ataca a política de assistência social, principal alicerce da popularidade do governo petista. Nesse caso, ambos defendem que o combate à pobreza —o texto tucano cita nominalmente o Bolsa Família— se transforme em "política de Estado".

    Trata-se de uma estratégia para neutralizar a associação entre o programa e o PT. A ideia é deixar claro que as bolsas terão caráter permanente, seja quem for o vencedor das eleições.

    Além da vacina na área social, as cartilhas de Aécio e Campos tiveram o cuidado de limitar, a ponto de numerar, os alvos escolhidos.

    A primeira foi lançada em dezembro com 12 temas; a segunda, sob influência da retórica marinista, listou na semana passada cinco "eixos".

    Números e palavras foram selecionados para demonstrar que não há uma ruptura sendo proposta. Mesmo o documento de Aécio, de tom mais claramente oposicionista, ataca mais o gerenciamento do que as escolhas feitas pela administração petista.

    Na educação, os dois textos apontam os avanços no acesso à escola, prometendo uma "revolução" futura na qualidade do ensino —o governo Dilma tem elevado as verbas para o setor, mas ainda sem resultados visíveis.

    POLÍTICA INDUSTRIAL

    Em economia, há críticas ao desempenho dos últimos anos, mais veementes do lado de Aécio, mas nenhum dos programas se arrisca a receitar medidas duras -corte de gastos, alta de juros ou reforma da Previdência.

    Ambos preferem propor uma política industrial abstrata, capaz, no papel, de reverter o encolhimento do setor e elevar as exportações do país, sem custos detalhados.

    A equipe de Dilma é entusiasta de políticas do gênero, mas as medidas adotadas nos últimos anos, incluídas no programa Brasil Maior, tiveram impacto modesto.

    Vindas de um ex-governador, Aécio, e do governador de Pernambuco, as cartilhas pregam mais verbas para Estados e municípios, uma contraposição à imagem centralizadora da presidente.

    Um caso raro em que é possível diferenciar com clareza os dois esboços de programa é o da segurança: enquanto os tucanos fazem uma defesa clara de maior repressão policial, os partidários de Campos e Marina falam em apoiar os mais pobres e buscar o debate com a sociedade.

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