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    Itamaraty lança edital de R$ 460 mil para comprar flores

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    12/02/2014 03h30

    O Itamaraty aposta em florear sua diplomacia para angariar ganhos institucionais ao Brasil. No caso, não se trata de sentido figurado: foi lançado edital para comprar até 660 arranjos de flores para eventos no prazo de um ano, o equivalente a R$ 461,1 mil.

    "As flores contribuem para que seja transmitida às autoridades estrangeiras uma melhor impressão do país anfitrião, o que se traduz por ganhos institucionais para o governo brasileiro", explica o texto do edital.

    A quantidade foi definida com base na quantidade de eventos realizados em anos anteriores (em 2013, foram ao menos 138 recepções), acrescido do que o ministério chama de uma "margem de segurança" de 30%. "Como não se conhece, de antemão, as sutilezas da percepção dos visitantes, deve-se, preferencialmente, pecar pelo excesso de zelo", esclarece o texto.

    O arranjo mais caro foi orçado em R$ 2.350, com base em pesquisa de mercado com quatro empresas, de acordo com o edital publicado anteontem. Trata-se de coroa de 35 dúzias de flores nobres, como lírios, rosas ou tulipas.

    O orçamento de cinco floriculturas da capital consultadas pela Folha ontem para o mesmo arranjo variou entre R$ 1.300 e R$ 2.000. Segundo o Itamaraty, esse é o preço inicial da licitação, e a expectativa é de que no fim do pregão haja uma redução. Na última compra do gênero, o valor final foi 60% menor. Além disso, diz a pasta, há a possibilidade de economias adicionais de até 12% ao longo do contrato.

    Em almoços para chefes de Estado na sala Brasília do Palácio Itamaraty, são pelo menos 24 mesas grandes a serem enfeitadas. "O aspecto dos locais utilizados, portanto, tem consequências institucionais, pois se relaciona aos entendimentos travados entre o governo brasileiro e governos estrangeiros", conclui o texto.
    Os arranjos devem ser utilizados apenas em eventos na presença de ministros ou chefes de Estado e de governo estrangeiros ou brasileiros.

    Segundo o edital, a empresa contratada fica encarregada não apenas de produzir os arranjos como também de instalá-los no local indicado "com grande zelo, além de atenção à estética".

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    O texto exige ainda que o fornecedor tenha entre seus funcionários "pessoa com curso de arte floral certificado pela Academia Brasileira de Artistas Florais ou por escola conveniada a ela".

    E o trabalho, acrescenta o edital, tem de passar pelo crivo de um diplomata, que "tem o direito de recusar o arranjo (...) que não for confeccionado com espécies viçosas e com complementos de boa qualidade e que esteja fora de padrão estético compatível com evento realizado."

    Ontem, o ministério também lançou novo edital para compra de 760 medalhas de condecoração. A aquisição, também para o prazo de um ano, tem custo estimado de R$ 847,5 mil.

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