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    Blocão da Câmara começa com pauta incômoda ao Planalto

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    25/02/2014 16h35

    Um dia após o governo tentar conter uma ameaça de rebelião em sua própria base na Câmara dos Deputados, oito partidos criaram nesta terça-feira (25) um "blocão" informal de atuação nas votações da Casa e já fecharam uma pauta incômoda ao Palácio do Planalto.

    Os partidos decidiram apoiar a instalação de uma comissão externa da Câmara para apurar a suspeita de que a holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias como a Petrobras, teria pago suborno a empresas em vários países, incluindo o Brasil.

    A estatal é a menina dos olhos da presidente Dilma Rousseff e um dos principais alvos de críticas dos pré-candidatos ao Palácio do Planalto da oposição.

    Ficou definido ainda que o grupo, que reúne mais de 250 dos 513 deputados, vai apoiar a aprovação de um projeto de Decreto Legislativo que exige da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) medidas para a devolução de recursos cobrados a mais, durante pelo menos sete anos, dos consumidores de energia elétrica. Uma conta de pelo menos R$ 7 bilhões. O erro foi revelado pela Folha em 2010.

    O blocão foi capitaneado pelo PMDB e conta com o apoio de PP, PROS, PDT, PTB, PSC, PR e o Solidariedade, que é oposicionista. O PSD formalizou a saída do grupo. A cúpula do PDT tinha resistência em aderir o movimento, mas a bancada apoio.

    Em sua primeira reunião, os deputados avaliaram que o pacote anunciado pelo governo em resposta às insatisfações da base aliada ainda não é suficiente.

    Para neutralizar o "blocão", o governo anunciou ontem que decidiu mobilizar pelo menos 12 ministros para atender a demandas dos congressistas, prometeu cumprir liberação de verbas para as obras apadrinhadas por deputados e senadores no orçamento de 2013, além de elaborar uma pauta de votações de consenso.

    Segundo os governistas, é preciso ver se as medidas vão ter efeito ou serão apenas um balão de ensaio do Planalto para acalmar a insatisfação.

    Líder do Pros, Givaldo Carimbão (AL), negou que a medida seja uma ameaça ao governo. Ele defendeu a independência do Congresso para discutir temas.

    "Não é recado ao Planalto. Não é contra Dilma. Tem vários requerimentos na pauta que precisam ser votados. O que tem de matéria trancando a pauta não é brincadeira", disse.

    O Planalto aposta que a instabilidade na base aliada deve diminuir e o blocão deve perder fôlego quando a reforma ministerial e os ajustes para as alianças estaduais para as eleições de outubro forem concluídos. Isso porque as bancadas têm pleitos diversificados e podem se chocar muitas vezes.

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