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    PMDB, PTB e PR puxaram derrota do governo na Câmara

    MÁRCIO FALCÃO
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    11/03/2014 21h35

    Alinhados com a oposição, PMDB, PTB e PR puxaram na noite desta terça-feira (11) a derrota do governo na votação da Câmara dos Deputados que criou uma comissão externa para acompanhar eventuais investigações sobre a suspeita de que a holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias como a Petrobras, teria pago suborno a empresas em vários países, incluindo o Brasil.

    Os três partidos governistas fazem parte do "blocão" criado por sete partidos governistas e um oposicionista insatisfeitos com o Palácio do Planalto que prometem dificultar a vida do governo em votações no Congresso, especialmente na Câmara. O deputado petista Francisco Praciano (AM) também traiu o governo e votou pela aprovação da comissão. A comissão foi aprovada com 267 votos a favor, 28 contrários e 15 abstenções.

    No PMDB, 62 deputados votaram e apenas três ficaram em abstenção: Francisco Escórcio (PMDB-MA), ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), a deputada Marinha Raupp (PMDB-RO), mulher do presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), e o deputado Silas Brasileiro (PMDB-MG).

    O Planalto tem isolado o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que tornou porta-voz dos insatisfeitos. Numa reunião na tarde desta terça, eles aprovaram uma moção de apoio a Cunha, apoio para antecipar a convenção do partido para discutir a aliança com o PT e uma reação ao governo.

    Outro insatisfeito com o governo pela falta de liberação de recursos para obras apadrinhadas por congressistas no orçamento, o PTB votou unanime para criar a comissão. A bancada deu 16 votos.

    Entre os 25 votos do PR, apenas o deputado Anthony Garotinho (RJ) votou abstenção. O PSC também deu seus nove votos para criar a comissão. PSD, PP, PROS e PDT ficaram rachados, mas a maioria a favor do governo. As bancadas tiveram em negociação com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) ao longo do dia.

    A comissão externa para investigar a Petrobras não tem poder de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) como quebra de sigilos e convocação de testemunhas, mas vai elaborar um relatório sobre as denúncias envolvendo a empresa. A comissão externa tem um poder político. O governo teme que a medida provoque um desgaste na imagem da Petrobras junto ao mercado.

    Com a aprovação, os deputados agora devem definir os detalhes da comissão, como número de integrantes e o orçamento disponível. Os parlamentares que serão indicados devem visitar Holanda e os Estados Unidos. A ideia é que procurem as autoridades desses países para tratar das denúncias. O PT deve indicar nomes para a comissão e negociar indicações com partidos aliados.

    A Folha mostrou no mês passado que o Ministério Público da Holanda diz que não há investigação aberta sobre o caso de propina envolvendo a empresa SBM Offshore e a Petrobras.

    Membros do órgão holandês afirmam que, por enquanto, não se pode afirmar que há uma apuração oficial em torno do tema.

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