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    Em nova troca de ataques, PT e PMDB se acusam de promover 'toma lá, dá cá'

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA
    FÁBIO PONTES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM RIO BRANCO (AC)

    13/03/2014 15h45

    PT e PMDB, os dois maiores partidos da coalizão de apoio ao governo federal, mantiveram nesta quinta-feira (13) o clima de animosidade que tem marcado a recente rebelião contra Dilma Rousseff no Congresso.

    Agora, um acusa o outro de fisiologismo –ou mais diretamente, de promover o "toma lá, da cá" na administração pública. Porta-voz do motim que aplicou derrotas a Dilma na Câmara nesta semana, o líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), rebateu na tarde desta quinta declarações que o presidente do PT, Rui Falcão, fizera na noite anterior.

    Segundo o petista, que não citou nomes, Dilma tem sido vítima de chantagem e da tentativa de "toma lá da cá" por parte de partidos aliados, o que explicaria toda a crise ocorrida nos últimos dias.

    "É lamentável que ele [Falcão] fale isso desses partidos todos e, ao mesmo tempo, os chame para oferecer cargos. O [Aloizio] Mercadante [ministro chefe da Casa Civil] está fazendo exatamente o que o Rui Falcão diz querer que ele não faça", afirmou Cunha ao ser questionado sobre as declarações do petista.

    O peemedebista se refere às sucessivas reuniões de Mercadante com as legendas rebeladas, que pedem mais espaço no governo, mais verbas para as obras apadrinhadas pelos congressistas, além de mais flexibilidade do PT nas negociações para a montagem das candidaturas nos Estados.

    Após as reuniões com o ministro, PP, Pros e PDT deixaram de participar do "blocão" montado na Câmara sob a liderança do PMDB, que de início reuniu nove partidos, oito deles governistas. Com a recente debandada, cinco legendas permaneceriam ainda –PMDB, PR, PTB, PSC e o oposicionista Solidariedade–, já que o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab havia abandonado o grupo logo no início.

    "Parece que o Rui Falcão está escalado para manter permanentemente o clima tensionado", acrescentou Cunha. O líder da bancada do PMDB nunca teve bom relacionamento com o Planalto e, durante o Carnaval, já havia trocado críticas públicas com Falcão.

    Nos últimos dias, o peemedebista conseguiu resistir à uma tentativa do governo de isolá-lo politicamente. Mais do que isso, comandou as votações que decidiram abrir uma comissão para acompanhar eventuais investigações na Petrobras e que chamaram 10 dos 39 ministros de Dilma para depor na Câmara.

    Cunha se disse ainda "indiferente" à possível troca que Dilma fará nos dois ministérios que hoje são da cota do PMDB da Câmara, Turismo e Agricultura. Os atuais titulares deixarão os cargos para disputar as eleições.

    "Na medida em que a bancada decidiu não indicar os substitutos, qualquer nome que ela escolher é uma responsabilidade inteiramente dela", afirmou, apesar de o cotado para a Agricultura, Neri Geller, atual secretário-executivo da pasta, ser uma indicação da bancada de deputados do PMDB.

    Sobre o nome citado para o Turismo, o do presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Ângelo Oswaldo, peemedebistas dizem que a indicação diz respeito mais ao PT que ao PMDB.

    "O Ângelo é um homem sério, do bem, mas é uma indicação do Fernando Pimentel", diz o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), se referindo ao ex-ministro do Desenvolvimento e pré-candidato do PT ao governo de Minas.

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