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    Barroso diz que mensalão foi 'um marco no processo penal brasileiro'

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    13/03/2014 18h16

    Mais novo integrante do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luís Roberto Barroso afirmou nesta quinta-feira (13) que o julgamento do mensalão "foi um rito de passagem" e disse esperar que "produza transformações".

    O ministro defendeu, por exemplo, que, na política, é "preciso diminuir o papel do dinheiro". Hoje, ao realizar sua 69ª sessão do julgamento do mensalão, o Supremo concluiu a análise dos recursos, reduzindo de 25 para 24 o número de condenados.

    Revelado pela Folha em 2005, o mensalão chegou ao STF no ano seguinte e começou a ser julgado pelo plenário em agosto de 2012. O ministros entenderam que houve desvio de recursos públicos para abastecer um esquema de compra de apoio político no Congresso, no início do governo Lula (2003-2010).

    "É um marco no processo penal brasileiro. Eu espero que seja por igual um marco no processo histórico, mas isso dependerá da sociedade e das instituições brasileiras se dispuserem a fazer as mudanças que são imperativas", afirmou Barroso.

    "Foi um rito de passagem e espero que como saldo do mensalão se produzam transformações. Na política, é preciso diminuir o papel do dinheiro, atrair novas vocações. É preciso criar um sentimento mais amplo de respeito à ordem jurídica, de respeito ao outro", completou.

    Questionado sobre o eventual pedido de revisão criminal de condenados, ele disse que ainda não é preciso analisar se há espaço. "Esse é outro filme, outro cinema com outra programação que não tem como comentar agora", disse.

    Barroso participou da análises dos recursos dos condenados do mensalão. Ele entrou na corte após a aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto. Ele puxou os votos que provocaram o recuo do tribunal que absolveu do crime de quadrilha oito réus, entre eles o núcleo político formado pelo ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

    Protagonistas de vários embates com colegas durante o julgamento, Barroso defendeu que a sociedade precisa de mais cordialidade. "Não por conta do mensalão, a sociedade brasileira em geral está precisando reduzir um pouco um tom de agressividade e aspereza. Nós deixamos de ser um homem cordial que falava Sérgio Buarque de Holanda e agora viramos muito agressivos. Acho que tínhamos que voltar a um tempo de um pouco mais de delicadeza."

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