Três dias depois de ser apontado pela presidente Dilma Rousseff como responsável pelo erro que a levou aprovar a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, o engenheiro Nestor Cerveró foi exonerado da diretoria financeira da BR Distribuidora.

A demissão foi decidida nesta sexta-feira (21) em reunião do conselho de administração da BR Distribuidora, que tem a presidente Dilma Rousseff como presidente.

O presidente da BR, José Lima de Andrade Neto, acumulará a função até que posto seja reocupado. Nestor Cerveró, que ocupava o cargo desde 2008, está em viagem de férias. Ele saiu de férias no dia em que seu nome foi relacionado à crise.

	Leo Pinheiro - 21.mar.2014/Valor
	Nestor Cerveró em 2007, quando pertencia à diretoria internacional da Petrobras

O engenheiro conduziu as negociações para a compra de 50% da refinaria Pasadena, em 2006. Na época, ele pertencia à diretoria internacional da Petrobras e foi responsável pelo resumo executivo que embasou a decisão de fechar o negócio.

A aquisição é investigada pelo Tribunal de Contas da União, Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal. A principal polêmica é o preço: o valor que a Petrobras pagou em 2006 à Astra Oil para a compra de 50% da refinaria –US$ 360 milhões– é oito vezes maior do que a empresa belga havia pago, no ano anterior, pela unidade inteira.

Além disso, a Petrobras ainda teve de gastar mais US$ 820,5 milhões no negócio, pois foi obrigada a comprar os outros 50% da refinaria. Isso porque a estatal e a Astra Oil se desentenderam e entraram em litígio. Havia uma cláusula no contrato, chamada de "put option", estabelecendo que, em caso de desacordo entre sócios, um deveria comprar a parte do outro.

Representantes da Petrobras negaram irregularidade na aquisição da refinaria. A companhia diz que não comenta o caso porque ele está sendo apurado pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil no governo Lula, presidia o Conselho de Administração da Petrobras na época da compra da refinaria. Depois que essa informação veio à tona, o governo afirmou que a aquisição foi feita com base em um relatório falho.

Executivos ouvidos pela Folha rebateram Dilma e afirmaram que ela e todos os membros do Conselho de Administração da Petrobras tinham à sua disposição o processo completo da proposta de compra.

A coluna Painel, da Folha, revelou nesta sexta-feira que, com a demissão, o Planalto pretende circunscrever ao ex-diretor as "falhas" no processo de compra, preservando os demais membros do colegiado no governo Lula.

Leia a nota a Petrobras sobre a destituição de Cerveró:

O Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora, subsidiária da Petrobras que atua no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis,aprovou hoje, 21/03/2014, a destituição do diretor financeiro da companhia, Nestor Cuñat Cerveró. O presidente da subsidiária, José Lima de Andrade Neto, acumulará interinamente as atividades dessa diretoria.