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    Em entrevista, Barbosa diz que não sairá candidato em 2014

    DE BRASÍLIA

    23/03/2014 00h54

    O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, afirmou que não participará das eleições de 2014, em entrevista à Globo News que foi ao ar na noite deste sábado (22). "Por enquanto não, não agora. Eu disse numa entrevista recente que não descartava a hipótese de me lançar na vida política, mas não para estas eleições de 2014", afirmou.

    Barbosa disse que, depois de novembro, quando termina seu mandato de presidente da Suprema Corte, deve ficar por mais "um tempinho" no STF. O ministro tem 59 anos, e seria obrigado a se aposentar aos 70, mas deu a entender que não deve esticar tanto sua permanência no órgão. "Pretendo ficar mais um tempinho aqui, tenho quase 11 anos, mas ainda vou decidir o que fazer nos próximos meses."

    Barbosa foi indicado a ministro do STF pelo presidente Lula em 2003 e foi eleito presidente do STF em outubro de 2012. O ministro ganhou muita popularidade e assédio para que saia como candidato à Presidência da República após assumir a relatoria do processo do mensalão. No julgamento, Barbosa defendeu as denúncias de envolvimento da alta cúpula do governo petista no esquema de corrupção e desvio de recursos públicos.

    "Recebo inúmeras manifestações de carinho, pedidos de cidadãos comuns para que me lance nessa briga, mas não me emocionei ainda com a ideia", afirmou. Segundo Barbosa, a vida pública no Brasil tornou-se um "apedrejamento constante". "Prefiro me manter alheio a quase tudo o que se passa aqui nessa praça dos três poderes", afirmou, do seu gabinete, com vista para o Palácio do Planalto.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O ministro Joaquim Barbosa vota pela condenação por formação de quadrilha dos réus do mensalão
    O ministro Joaquim Barbosa vota pela condenação por formação de quadrilha dos réus do mensalão

    MENSALÃO

    Sobre o julgamento do mensalão, Barbosa falou que foi um processo de sete anos de muito desgaste, tanto físico como mental.

    "Foi um processo que trouxe um desgaste muito grande. Carga política exagerada, um pouco turbinada pela mídia também, um processo que durou um tempo razoável. Isso consumiu boas partes das minhas energias aqui no Supremo Tribunal Federal", falou o ministro ao jornalista ao jornalista Roberto D'àvila, já de pé, por conta das fortes dores nas costas.

    Questionado sobre as críticas de que as penas aos condenados no processo foram muito pesadas, Barbosa falou que "ao contrário", a dosagem foi leve comparada com outras condenações.

    "Examino as penas que foram aplicadas ao mensalão às penas aplicadas e chanceladas pelo Supremo a pessoas comuns. Convido aqueles que criticam o supremo por ter aplicado essas penas a fazer esse tipo de comparação. O supremo chancela em habeas corpus coisas muito, mais muito mais pesadas."
    Sobre corrupção, Barbosa afirmou que o Brasil está adotando medidas erradas para combatê-la.

    "Não quero justificar corrupção tupiniquim, mas ela está presente em todos os países, em maior ou menor grau. Ainda não encontramos os mecanismos, a forma correta e eficaz de combatê-la. Talvez estejamos adotando o método errado."

    RACISMO

    "Estou propondo ação por racismo contra jornalista brasileiro", afirmou Barbosa, em referência à representação enviada ao Ministério Público em que acusa o jornalista Ricardo Noblat de crime racial por causa de matéria em que escreve que "para entender melhor Joaquim" é preciso acrescentar "a sua cor".

    "É falta de honestidade intelectual dizer que o Brasil se livrou dessas marcas [da escravidão]. Estão presentes nas coisas mais comezinhas. Basta dar uma volta aqui no Supremo ou qualquer repartição pública para ver a repartição dos papéis."

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