• Poder

    Saturday, 04-May-2024 02:25:25 -03

    Eduardo Campos defende CPI para investigar Petrobras

    DANIEL CARVALHO
    DO RECIFE

    24/03/2014 15h09

    Em meio a suspeitas envolvendo contratos feitos pela Petrobras, o virtual candidato à Presidência da República e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu a abertura de uma CPI para investigar a empresa caso o governo não dê os esclarecimentos necessários.

    "Caso esses esclarecimentos não sejam suficientes, aí nós entendemos que vai ser o caso de se pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI]", disse o governador nesta segunda-feira (24).

    A afirmação representa uma elevação no tom das críticas de Campos ao episódio. Na quinta passada (20), ele afirmou no Twitter: "O Brasil está perplexo diante das últimas notícias veiculadas sobre a Petrobras (...) Uma negociação que teria lesado a maior empresa brasileira, o maior patrimônio do país, em mais de um bilhão de dólares".

    No sábado (22), Campos sugeriu que o governo planeje desvalorizar a Petrobras intencionalmente. "Em três anos, a Petrobras vale a metade do que valia e deve quatro vezes mais do que devia. Às vezes fico seriamente desconfiado se isso não faz parte de um jogo para desvalorizar a Petrobras e vendê-la."

    Reportagens do jornal "O Estado de S. Paulo" apontaram suspeitas de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e o perdão de uma dívida da Venezuela nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

    O governador lembrou que congressistas de seu partido tomam providências para que a estatal seja investigada. "Não queremos 'eleitoralizar' esse debate. Queremos ter muito cuidado para não prejudicar ainda mais a Petrobras, que já foi tão prejudicada por tudo o que aconteceu. Mas, por outro lado, não podemos ficar sem ter as respostas adequadas", disse.

    Campos se soma aos tucanos que também pleiteiam a abertura de uma CPI para investigar a estatal. No domingo (23), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou atrás e defendeu a abertura de uma CPI. Até sexta-feira (21), FHC não era favorável à iniciativa no Congresso Nacional.

    Com isso, o PSDB, antes reticente quanto à exploração política do caso, recebeu o aval do ex-presidente para ampliar as apurações além dos "mecanismos do Estado" antes defendidos pela sigla.

    CAMPANHA

    O evento do governo de Pernambuco em homenagem ao Dia Internacional da Mulher ganhou ares de campanha política. O presidenciável Eduardo Campos chegou ao Centro de Convenções de Pernambuco parando para abraços e fotos.

    A carga política veio nos discursos que antecederam a fala do governador, que teve sua "sensibilidade feminina" exaltada pelas mulheres que foram à tribuna. "Levaremos essa política [de luta pelos direitos das mulheres] a uma instância nacional em 2015", disse a vereadora Narah Leandro (PSB), do município de Santa Cruz do Capibaribe.

    O discurso mais panfletário foi o da secretária Cristina Buarque (Mulher). Antes de declarar sua fidelidade ao governador e chamá-lo de "meu futuro presidente da República", ela defendeu que "essa democracia que pulsa aqui precisa pulsar nacionalmente" e criticou o governo federal.

    "Não temos avançado nessa política [da mulher] no resto do Brasil nem no nível federal. Todas vocês aqui estão conscientes disso: nós não avançamos nesses últimos quatro anos nessa política em nível federal. Peço a vocês, mulheres, que tenham a justiça consigo mesmas e não fiquem encobrindo o que não pode ser encoberto. Porque nos fará mal."

    O evento também serviu para cobranças. A aposentada Josefa de Oliveira, 67, veio do município de São Vicente Férrer (a 117 km do Recife) para abraçar o governador e também fazer pedidos. Chorando, abordou o governador e entregou uma caderneta onde disse ter escrito a história de sua família e os problemas da cidade em que vive.

    "Conheço ele [Campos] e o avô dele [o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005)]. Já servi muito vinho a doutor Arraes. Gosto deles e eles almoçaram muitas vezes na minha casa", afirmou. "Pedi a ele para melhorar a estrada, a saúde e a segurança, que os assaltos são constantes. A gente não pode abrir a porta que os bandidos assaltam", disse a aposentada.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024