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    Ex-diretor da Petrobras negocia com oposição ida à Câmara para depor

    ANDRÉIA SADI
    NATUZA NERY
    GABRIELA GUERREIRO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA
    DANIEL CARVALHO
    DO RECIFE
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    25/03/2014 02h00

    A oposição negocia com o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró sua ida ao Congresso Nacional para depor sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA).

    Os entendimentos ocorrem após Cerveró sinalizar estar disposto a dar a sua versão sobre o polêmico negócio de US$ 1,18 bilhão, investigado pelo Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público por suspeita de ter causado prejuízo aos cofres da Petrobras.

    A intenção da oposição é tentar aprovar a partir de amanhã, em diferentes comissões, requerimentos para que ele deponha na Câmara.

    Personagem-chave no polêmico negócio, Cerveró foi afastado da diretoria de Finanças da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras, na semana passada, dias depois de a presidente Dilma Rousseff apontá-lo como responsável por um parecer "falho" que teria induzido o Conselho de Administração da Petrobras a aprovar o negócio, em 2006.

    Segundo a Folha apurou com deputados, Cerveró sinalizou a interlocutores que está disposto a falar. Ele estava em férias na Europa quando foi demitido e deve voltar ao país no dia 5.

    A estratégia da oposição é apresentar requerimentos convidando o ex-diretor a depor nas comissões de Minas e Energia, Fiscalização e Controle, Finanças e Tributação e Relações Exteriores.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Paralelamente à ação da oposição, o governo deflagrou operação para barrar a tentativa de criação de uma CPI para investigar o caso. O Planalto teme que dissidências em sua base aliada reforcem a ação da oposição, hoje sem número suficiente para aprovar uma CPI.

    Desde a última quinta-feira, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) tem telefonado para os líderes das bancadas e para os presidentes de partidos governistas para evitar as chamadas "traições". Na Câmara, por exemplo, 14 deputados do PMDB estão entre os 102 parlamentares que apoiam a criação de uma CPI mista (em conjunto com o Senado).

    PROCESSO DISCIPLINAR

    Liderada pelo pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB-MG), a oposição se reúne hoje para discutir a instalação da CPI. Participarão do encontro PSDB, DEM, PPS e Solidariedade.

    Ontem, o pré-candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, defendeu a abertura de uma CPI caso o governo não preste os esclarecimentos devidos.

    São necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores para que uma CPI seja criada. A oposição reúne apenas 17 senadores, mas tem a adesão certa de membros do PMDB, PDT, PSB e PP.

    A ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) subiu ontem à tribuna do Senado para acusar a oposição de ter intenções "eleitoreiras". "Ninguém tem nada a temer ou esconder, mas essa insistência em se criar CPI está ligada ao processo eleitoral. Não me parece que tenha fato novo", afirmou.

    Ontem, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, afirmou que o órgão irá instaurar um processo disciplinar, de caráter punitivo, para apurar as responsabilidades na suposta omissão de informações ao conselho da Petrobras.

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