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    Dilma homenageia os que 'morreram e desapareceram' no regime militar

    TAI NALON
    DE BRASÍLIA

    31/03/2014 12h38

    A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta segunda-feira (31) aqueles que "morreram e desapareceram" na luta contra o regime e também "pactos" conseguidos por meio de negociações com o governo autoritário da época, em uma referência aos 50 anos do golpe militar.

    Dilma participou no Palácio do Planalto da assinatura de contrato para execução das obras da segunda ponte do rio Guaíba, em Porto Alegre (RS). Em cerimônia fechada a jornalistas, defendeu a liberdade de imprensa e as eleições diretas e homenageou os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva –ambos perseguidos políticos na época do regime militar.

    "Cinquenta anos atrás, na noite de hoje, o Brasil deixou de ser um país de instituições ativas, independentes e democráticas. Por 21 anos, nossas instituições, nossa liberdade, nossos sonhos foram calados", disse a presidente.

    "Nós reconquistamos a democracia à nossa maneira, por meio de lutas e sacrifícios humanos irreparáveis, mas também por meio de pactos e acordos nacionais, muitos deles traduzidos na Constituição de 1988", disse em seu discurso. "Assim como respeito e valorizo os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado -e nunca deixarei de enaltecer esses lutadores e essas lutadoras-, também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização", disse.

    "Aprendemos o valor da liberdade, o valor de um Legislativo e de um Judiciário independentes e ativos. O valor da liberdade de imprensa, o valor de eleger pelo voto direto e secreto de todos os brasileiros governadores, prefeitos, de eleger um exilado, um líder sindical que foi preso várias vezes e uma mulher também que foi prisioneira. Aprendemos o valor de ir às ruas", continuou.

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    Segundo Dilma, "aqui no Brasil não houve um processo de abafamento desse processo". "Embora nós saibamos que o regime de exceção sobrevivem sempre pela interdição da verdade, da transparência, nós temos o direito de esperar que, sob a democracia, se mantenha a transparência, se mantenha também o acesso e a garantia de verdade, a memória e da história."

    "Devemos isso a todos os que morreram e desaparecem. Devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos a suas famílias, devemos a todos os brasileiros."

    "Como eu disse, neste palácio, repito há quase dois anos atrás quando instalamos a Comissão da Verdade, eu disse: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos nunca, nunca, mas nunca mesmo pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la", completou a presidente.

    Mais tarde, no Twitter, Dilma voltou a salientar que "por 21 anos, nossa liberdade, nossos sonhos foram calados". "As cicatrizes podem ser suportadas e superadas, porque hoje temos uma democracia social e podemos contar nossa história", disse.

    "Assim como reverencio os que lutaram pela democracia, também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização", voltou a destacar.

    LUTA ARMADA

    Dilma participou da luta armada em várias organizações, como a VAR, a Colina e a Polop, durante a segunda metade da década de 1960. Esteve presa por três anos e foi torturada. Em depoimento, relatou maus-tratos, além de sequelas físicas que se mantêm até hoje.

    Pesquisa Datafolha revelou nesta segunda-feira (31) que a maior parte da população, 46%, é a favor da anulação da Lei da Anistia. Os que são contra somam 37%. Outros 17% não sabem dizer. Hoje, exatos 50 anos após o golpe de 1964, também há mais brasileiros a favor do que contra à proposta de punição dos que torturaram presos políticos na ditadura.

    Embora seja defendida pela Comissão da Verdade, instituída por Dilma há quase dois anos, o governo se mantém reticente quanto à sua revisão. Em 2012, Dilma defendeu a conciliação pelo fim da ditadura ao dizer que os valores atuais foram construídos "passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura".

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