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    Contrato de Pasadena foi enviado com antecedência, diz advogado de Cerveró

    RAQUEL LANDIM
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    02/04/2014 12h13

    O advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse nesta quarta-feira (2) que os conselheiros da Petrobras, incluindo a presidente Dilma, receberam com 15 dias de antecedência o contrato da compra da refinaria de Pasadena (EUA).

    "Os conselheiros tiveram tempo hábil para examinar o contrato. Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão temerária", disse Ribeiro à Folha. "Cerveró não vai aceitar ser bode expiatório, porque não há nada de errado com o negócio".

    Ele ressalta que não está acusando Dilma ou os demais conselheiros, mas apenas relatando como funciona o processo de aprovação de contratos na Petrobras. Segundo ele, os conselheiros podem ter se esquecido disso dado o "lapso temporal" da aprovação da compra da refinaria, que aconteceu em 2006.

    Cerveró, que estava viajando, interrompeu as férias com a família na Europa e voltou ao Brasil. Ele será ouvido pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados no dia 16 de abril.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Há algumas semanas, a presidente Dilma afirmou que só aprovou a compra de Pasadena dos belgas da Astra, porque recebeu um resumo "falho". O resumo foi escrito por Cerveró, que ocupava a diretoria internacional da Petrobras.

    Dilma disse que não sabia da existência das cláusulas "put" e "Marlin", que obrigavam a Petrobras, respectivamente, a comprar a parte dos belgas em caso de desentendimento e a garantir uma rentabilidade mínima para o sócio.

    Ribeiro diz que as cláusulas não estavam no resumo do Cerveró, que tinha "apenas uma página e meia", mas que os conselheiros tiveram acesso ao contrato com antecedência.

    Após uma disputa na Justiça, a Petrobras acabou pagando US$ 1,18 bilhões pelo total do ativo em 2012, que os belgas adquiriram por US$ 42,5 milhões em 2005. Ribeiro, que é advogado especializado em direito criminal, ressalta que não há nada de errado com os valores, que foram explicados minuciosamente pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em depoimento no Congresso anos atrás.

    Ribeiro esteve ontem em Brasília na Câmara, no Senado, na Procuradoria-Geral da República e na Polícia Federal representando Cerveró. Ele entregou uma carta do ex-diretor dizendo que está disposto a prestar todos os esclarecimentos.

    SBM OFFSHORE

    A empresa holandesa SBM Offshore informou oficialmente nesta quarta-feira (2) que pagou US$ 139,1 milhões a um representante no Brasil, mas afirmou que, apesar dos indícios, não encontrou provas de que funcionários públicos receberam dinheiro.

    Pela primeira vez, a empresa, que atua na área de construção de plataforma de petróleo e tem contratos de aluguel com a Petrobras, confirma que o Brasil era o terceiro país alvo de sua investigação interna sobre a suspeita de propina entre 2007 e 2011. Nos outros dois, os africanos Angola e Guiné Equatorial, foram encontradas evidências de dinheiro pago a membros do governo, informou a SBM.

    A SBM informou que "a equipe de investigação realizou ainda uma investigação detalhada sobre a relação entre as empresas do grupo e seu principal agente no Brasil, e empresas pertencentes ao agente e familiares e/ou parceiros de negócios".

    A empresa afirma que, dos US$ 139,1 milhões pagos, US$ 123,7 milhões foram para seu "agente primário", mas não informa quem recebeu a outra parte, ou seja, US$ 15,4 milhões.

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