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    Alckmin diz que as ações da Petrobras despencaram e 'viraram pó'

    RICARDO SENRA
    DE SÃO PAULO

    06/04/2014 19h34

    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse neste domingo (6) que as ações da Petrobras "viraram pó' e cobrou investigações sobre as supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e as denúncias de pagamento de propina por funcionários da empresa holandesa SBM Offshore para garantir contratos com a estatal brasileira.

    As críticas foram feitas na saída da missa de ação de graças pela canonização de são José de Anchieta, na praça da Sé, centro da capital paulista.

    "Muita gente comprou ações da Petrobras querendo fazer sua poupança e ajudar o Brasil a crescer. Mas isso virou pó. A ação que valia mais de R$ 80 baixou para só R$ 20", disse o governador.

    O tucano afirmou que qualquer acusação deve ser investigada, já que a petroleira é "patrimônio nacional". "É importante que se apure as responsabilidades. As ações despencaram e isso prejudica toda a população, porque o acionista majoritário é o povo brasileiro".

    Em 2006, quando Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, a Petrobras desembolsou US$ 1,2 bilhão na compra da refinaria texana, montante muito maior do que o valor de mercado. Um ano antes, a petroleira Belga Astra Oil pagou US$ 42,5 milhões pela mesma refinaria.

    Em nota, Dilma afirmou que o negócio só foi aprovado porque cláusulas fundamentais eram desconhecidas. O polêmico negócio de US$ 1,18 bilhão é investigado pelo Tribunal de Contas da União, Polícia Federal e Ministério Público por suspeita de ter causado prejuízo aos cofres da Petrobras.

    No sábado (5), a Folha revelou que nove fornecedores da petroleira depositaram R$ 34,7 milhões na conta de uma empresa de fachada controlada pelo doleiro Alberto Youssef, segundo laudo da Polícia Federal. A confissão de que a empresa não tem atividade de fato foi feita por um empregado do doleiro, Waldomiro de Oliveira, em nome de quem a MO Consultoria está registrada na Junta Comercial de São Paulo.

    CARTEL DO METRÔ

    Questionado sobre as investigações sobre a existência de cartel em licitações para obras e serviços de manutenção do Metrô de São Paulo e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), o governador voltou a dizer que o Estado "é vítima".

    "Sempre defendemos total investigação. E que se faça de forma profunda, sempre em busca da verdade. O cartel é um fenômeno econômico em que o Estado é vítima", afirmou.

    Em julho de 2013, a Folha revelou que a multinacional Siemens delatou a autoridades antitruste a existência do suposto cartel. Em São Paulo, o esquema teria começado em 1998, no governo Mário Covas, e ido até 2008, passando pelos também tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.

    Documentos da Siemens entregues ao Cade mostravam que o governo de São Paulo, controlado pelo PSDB, teria dado aval ao conluio. A empresa fez acordo que lhe garantirá imunidade se as denúncias forem comprovadas. Além da Siemens, o cartel envolveria Alstom, Bombardier, CAF e Mitsui.

    Hoje, há quatro pedidos de criação de CPIs. Duas, da oposição, pedem para investigar negócios da Petrobras, como a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Outras duas, do governo, incluindo na lista dos itens a serem investigados o cartel do metrô de São Paulo e o porto de Suape (PE), numa tática para atingir os pré-candidatos da oposição à Presidência, Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE).

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