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    'Volta Lula' atesta que Dilma não entregou o que prometeu, diz Campos

    FERNANDO RODRIGUES
    DE BRASÍLIA

    06/04/2014 16h49

    O pré-candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, disse neste domingo (6) que o movimento de bastidores no PT e entre agentes econômicos pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajuda ainda mais a comparar" o petista com sua sucessora no Planalto.

    Dessa forma, essa ação teria o efeito de "desgastá-la [Dilma Rousseff] ainda mais, pois é o atestado de que ela não entregou o que prometeu". Campos falou à Folha por telefone a partir de uma praia em Pernambuco onde passará uma semana de descanso, com a família.

    Aliado ao PT até o ano passado, ele renunciou ao cargo de governador de Pernambuco na última quinta-feira (3) para disputar o Palácio do Planalto em outubro. O movimento "volta Lula", diz Campos, "é uma confirmação da base aliada ao governo de que ela [Dilma Rousseff] iria entregar crescimento, mas entregou inflação. As duas marcas que tinha estão afetadas, a de ser eficiente na gestão e de que faria uma faxina moral no governo".

    O ex-governador pernambucano fez essas observações ao comentar os resultados da pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 e publicada pela Folha. No cenário mais provável de candidatos, Dilma está com 38% das intenções de voto. Aécio Neves (PSDB) registrou 16%. Campos teve 10%. Os demais nomes somam, juntos, 6%. Brancos, nulos, nenhum e os que não sabem em quem votar são 29%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Campos se disse muito satisfeito com o resultado, "sobretudo porque sou o menos conhecido e há espaço para evoluir a partir da campanha na TV". Hoje, 42% desconhecem quem é o pré-candidato do PSB. Para Aécio Neves, esse percentual é de 25%. No caso de Dilma Rousseff, só 1% dizem não saber quem ela é.

    "Há um vento de mudanças no Brasil. Estamos, eu Marina Silva [possível candidata a vice-presidente], entre os grupos mais dinâmicos, que são os eleitores nos grandes centros, os jovens e os mais instruídos. À medida que vão notando que ela [Dilma] chegou ao quarto ano e não cumpriu os compromissos, as pessoas sentem o país menos embalado, com menos esperança", declara Campos.

    A expectativa do PSB é que quando mais eleitores souberem que a chapa completa será Eduardo Campos e Marina Silva, essa associação possa alavancar a candidatura. Quando colocada como candidata a presidente, Marina pontua até 27% no Datafolha.

    Embora esteja 17 pontos à frente do pernambucano, a ex-senadora pelo Acre ficou sem partido no ano passado. Fracassou a tentativa de seu grupo político de oficializar a Rede Sustentabilidade. Dessa forma, Marina acertou sua filiação ao PSB e se comprometeu a ajudar a candidatura presidencial de Campos, que já estava colocada, resignando-se com a vaga de vice-presidente.

    Campos tem concentrado suas críticas sempre em Dilma, mas poupa Lula e também um outro ex-ocupante do Planalto, o tucano Fernando Henrique Cardoso. É uma estratégia para tentar viabilizar-se como terceira via confiável para os eleitores desses ex-presidentes.

    No ano passado, Campos afirmava que não seria candidato se Lula fosse o nome escolhido pelo PT para suceder a Dilma. Agora, a história é um pouco diferente, embora o pessebista evite se indispor com o ex-aliado. "Na última vez que falei com ele, no ano passado, o Lula foi categórico e me disse que não seria candidato. Disse que a candidata seria Dilma", afirma.

    Mas e se prosperar o movimento "volta Lula" e o ex-presidente acabar se tornando o candidato do PT ao Planalto? "Esse é um debate que não nos cabe fazer", esquiva-se o pessebista. Para ele, "há uma sensação de que o país parou de melhorar" e isso favorece nomes de fora da polarização PT-PSDB, que tiveram os dois primeiros colocados nas últimas cinco eleições presidenciais (1994, 1998, 2002, 2006 e 2010).

    CPI DA PETROBRAS

    O PSB, diz Campos, "não tinha como ficar contra a CPI da Petrobras" no momento prestes a ser instalada. Mas ele faz ressalvas. "Uma CPI sempre deve ser tratada com cuidado para evitar uso indevido. Agora, é ingenuidade achar que uma CPI num ano eleitoral vai ficar sem influências diversas".

    Para Campos, o efeito político que a CPI poderia ter já foi computado. Os eleitores já teriam tomado conhecimento de que a Petrobras teve problemas de gerenciamento e que houve influência indevida na sua administração.

    O PSB manterá sua posição pró-CPI da Petrobras e Campos diz não ter receio de que obras em Pernambuco sejam também investigadas. Mas ele acredita que a CPI não interessa ao Planalto e "eles vão tentar procrastinar ao máximo a sua instalação".

    No sábado (5), seu "compromisso oficial" foi como padrinho do casamento do secretário de Imprensa do Recife, Carlos Percol, que já foi seu assessor e trabalhará na equipe de comunicação do presidenciável.

    Nesta semana, o pessebista fica em férias e deve retornar ao Recife no sábado. No domingo próximo, no final do dia, viajará a Brasília, pois a chapa oficial, junto com Marina Silva de vice, deve ser lançada na capital da República na segunda-feira, dia 14.

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