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    Lula diz não se arrepender sobre Barbosa e vê 'abuso' em caso de Dirceu

    MARINA DIAS
    DE SÃO PAULO

    08/04/2014 14h34

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pela primeira vez nesta terça-feira (8) um balanço mais alentado sobre o julgamento do mensalão em meio ao qual disse que não se arrependeu da indicação do ministro Joaquim Barbosa para o STF (Supremo Tribunal Federal), e que a prisão do ex-ministro José Dirceu em regime fechado desde novembro é "um abuso muito grave no exercício do poder e da lei".

    Na verdade, Dirceu está preso em regime semiaberto no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, desde novembro do ano passado, mas ainda não recebeu autorização da Justiça para trabalhar fora do presídio durante o dia.

    De acordo com o ex-presidente, apesar do "massacre apoteótico" que os petistas sofreram durante o processo do mensalão, a indicação de Barbosa, agora presidente do STF, deu-se porque Lula queria um advogado negro na Suprema Corte.

    "Não me arrependi de indicar Barbosa, porque não tinha o mensalão e não indiquei o Barbosa para julgar o mensalão. Indiquei o Barbosa porque queria que a gente tivesse um advogado negro na Suprema Corte brasileira e, de todos os currículos que recebi, o dele era o melhor", afirmou. "O comportamento dele é de inteira responsabilidade dele", completou Lula.

    Em entrevista a blogueiros, o petista afirmou ainda que o mensalão foi tratado com "dois pesos e duas medidas" em relação ao PT e ao PSDB. A maioria dos ministros do STF votou a favor de mandar para a primeira instância da Justiça de Minas Gerais a ação contra o ex-deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) no processo do chamado mensalão tucano.

    Esta é a segunda entrevista que o ex-presidente Lula concede a blogueiros. A primeira foi realizada em 2010. Além dos nove convidados, foram aceitas perguntas feitas por internautas pelo Twitter. Após deixar o cargo, Lula tem concedido raras entrevistas. Ele falou à Folha quando estava em tratamento contra o câncer, deu duas entrevistas ao "Valor Econômico" e uma para o "Correio Braziliense".

    "[No mensalão do PT] Nunca vi nada igual. O massacre era apoteótico, que eu não vi agora no caso de Minas Gerais, ou seja, dois pesos e duas medidas. Os mesmos que defendiam a forca para o José Dirceu estão defendendo um julgamento civilizado e tranquilo para os outros, que é o que deveria ser para todos. Se a pessoa está em julgamento, ela é inocente até que se prove o contrário", explicou o ex-presidente.

    RECONTAR A HISTÓRIA

    Lula disse que a imprensa "teve papel de condenação explícita antes de cada sessão [do STF]". Para ele, é preciso "ter paciência" para recontar a história do mensalão e "mostrar qual foi o papel dos meios de comunicação" durante o processo.

    "A história do mensalão vai ter que ser recontada nesse país e, se eu puder ajudar, vou ajudar a recontá-la. Quero que a verdade venha à tona. Há muita controvérsia sobre a história do dinheiro público. Como não quero julgar ninguém de forma precipitada, tem que esperar a poeira baixar", disse Lula.

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