O presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, foi hostilizado por militantes do PT quando deixava um bar em Brasília na sexta-feira passada.
Aos gritos de "tucano" e "projeto de ditador", os petistas seguiram o ministro momento em que ele saía do bar Frederic Chopin, na região central da capital federal, e era escoltado por seguranças até o carro.
Os manifestantes colocaram na internet pelo menos três vídeos em que eles aparecem hostilizando Barbosa. Eles também gritam "Dirceu, guerreiro do povo brasileiro", em referência ao ex-ministro José Dirceu, condenado pelo STF no processo do mensalão.
A assessoria de Joaquim Barbosa diz que ele se encontrou com amigos no bar, mas afirmou que ele não iria comentar o episódio. Naquele dia, Barbosa apenas reagiu quando foi chamado de corrupto pelos manifestantes. "Corrupto, eu?", limitou-se a dizer aos manifestantes.
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A Folha falou com três dos petistas que estavam no bar, que classificaram o ato como "escracho".
Andreza Xavier, 25, e Maria Luiza Rodrigues, 29, se identificam como militantes da juventude do PT à procura de emprego, e Rodrigo "Pilha" Grassi, 36, é assessor parlamentar da deputada federal Érica Kokay (PT-DF).
Os três são filiados ao PT e já participaram de outros atos contra o próprio ministro. "A gente fez um desagravo contra a postura dele [no julgamento do mensalão]", disse Maria Luiza. Para Rodrigo, Barbosa é "grosseiro, autoritário e arrogante".
Eles dizem que o protesto foi improvisado porque encontraram o ministro por acaso no bar, mas não quiseram deixar a "oportunidade passar".
Andreza conta que quando o ministro chegou, não o reconheceu. Mas depois ela postou no Facebook um comentário chamando os amigos para o bar: "Que desprazer! Joaquim Barbosa no mesmo bar que eu agora, na mesa ao lado. Vou gritar viva a Dirceu, Genoino, Delubio e João Paulo na lata dele! Quem puder venha para a 406 sul. Ele não passará!", escreveu.
No dia seguinte, ela postou com outro comentário, explicando como o protesto foi organizado. "Ontem, despretensiosamente, eu, João Marcos Melo, e Ana Paula fomos ao Chopin na 406 sul. Apenas jogar conversa fora depois de uma semana corrida. Eis que nos aparece o ministro do STF, Joaquim Barbosa e, para piorar, ele senta na mesa ao nosso lado. Por óbvio, não deixamos a oportunidade passar, ligamos para uma galera e quem pôde ir, de pronto chegou. Estou de alma lavada."
João Marcos Melo citado pela petista no post é funcionário da Secretaria Nacional da Juventude, órgão ligado à Presidência da República. Os manifestantes dizem que ele "apenas estava lá" e que não foi atrás do ministro.
Apesar de dizer que não viu o vídeo, a secretária nacional da juventude, Severine Macedo, afirma que não concorda com esse tipo de postura e que o órgão não incentiva atos como o feito contra o ministro. Ela prometeu averiguar a participação de João Marcos no episódio.