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    Lava Jato

    Empresas ligadas à Petrobras faziam repasses a políticos, indica documento

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    11/04/2014 23h26

    Um documento apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa levanta a suspeita de que ele intermediava o repasse de dinheiro de grandes empreiteiras para políticos.

    Costa foi preso na Operação Lava Jato e é apontado pela Polícia Federal como integrante de um esquema que movimentou de forma suspeita cerca de R$ 10 bilhões.

    Uma tabela apreendida, à qual a Folha teve acesso, é escrita à mão e está dividida em três colunas: "nome da empresa", "executivo" (com os nomes dos responsáveis de cada empresa) e "solução", em que aparece a descrição do andamento da negociação em questão.

    "[O documento traz] Diversas anotações que indicam possíveis pagamentos para 'candidatos', podendo indicar financiamento de campanha", escreve a Polícia Federal no relatório de análise do material apreendido.

    Daniel Marenco - 20.mar.2013/Folhapress
    O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sai do IML após prisão na Operação Lava Jato
    O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sai do IML após prisão na Operação Lava Jato

    As empresas citadas são conhecidas doadoras de campanhas eleitorais.

    No campo soluções, aparecem relatos como: "Está disposto a colaborar. Iria falar com executivo para saber se já ajudam em algo", "Já está colaborando, mas vai intensificar mais para a campanha a pedido do PR", e "Já teve conversa com candidato, vai colaborar a pedido do PR".

    No análise do documento, os agentes da PF se questionam sobre se a sigla PR significa Paulo Roberto.

    Ainda na tabela, há os seguintes registros: "Empresa passando por processo de venda, vai colaborar a partir de julho" e "já vem ajudando, pediu para certificar se candidato está ciente. Vai ajudar + a pedido PR".

    As anotações datam de fevereiro, mas não há registro de qual ano se trata.

    Um dos focos de apuração da Operação Lava Jato é a transferência de dinheiro de empresas que tinham contrato com a Petrobras para uma conta que, de acordo com a PF, era usada pelo esquema para repassar propina para funcionários públicos e políticos.

    No relatório de análise do material apreendido na casa do ex-diretor da estatal, a Polícia Federal registra ainda a existência de um documento com o título "PLANILHA VALORES (Existente/Entradas/Saídas) a partir de 30/11/12 até 03/06/13, que aparenta ser uma 'contabilidade manual' da empresa Costa Global [empresa de Paulo Roberto]".

    No texto, os agentes destacam que na rubrica "Entrada" há a inscrição "primo", que é o apelido pelo qual é conhecido o doleiro Alberto Youssef, apontado pela PF como um dos coordenadores do esquema.

    'ORGANIZADO'

    Conforme a Folha revelou na semana passada, empresários e congressistas descrevem Costa nos bastidores como "organizado", dono de arquivos em que guardaria planilhas detalhadas com os registros do que fazia.

    Por essa razão, o ex-diretor da Petrobras é um dos focos da oposição, que tenta criar uma CPI no Congresso para investigar a Petrobras e desgastar o governo Dilma Rousseff no ano eleitoral.

    Na apreensão na casa do ex-executivo da estatal, os investigadores destacam também a grande quantidade de valores em espécie: US$ 181 mil e R$ 762 mil.

    Paulo Roberto Costa foi preso em 20 de março sob a acusação de tentar destruir documentos. Ele recebeu de Youssef um Land Rover Evoque, carro no valor de R$ 250 mil. Segundo a Polícia Federal, ambos tinham um relacionamento estreito.

    Editoria de Arte/Folhapress

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