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    Skype e BBM eram usados para tentar driblar escuta

    FERNANDA ODILLA
    DE BRASÍLIA

    13/04/2014 03h30

    Na Operação Lava Jato, a Polícia Federal descobriu que alguns personagens que se identificavam como Primo, Zezé, AsterixObelix e Bat Fatalic evitavam ligações telefônicas convencionais e preferiam as mensagens criptografadas do BlackBerry (BBM), diálogos via Skype ou a troca instantânea de dados por Whatsapp.

    De nada adiantou tentar driblar a PF usando codinomes e programas considerados mais seguros em relação a telefonemas comuns para evitar serem grampeados.

    A PF conseguiu autorização judicial para interceptar em tempo real dados trocados pelos investigados por Skype, BBMs e e-mails. Além de negócios suspeitos, descobriram que por trás dos apelidos estão, respectivamente, os doleiros Alberto Youssef, Carlos Chater, Raul Srour e Nelma Kodama —todos presos pela PF.

    LAVAGEM DE DINHEIRO

    É o que revelam documentos da Operação Lava Jato, deflagrada para apurar esquema de lavagem de dinheiro que envolve políticos, contrabandistas e até traficantes de drogas e movimentou de forma suspeita R$ 10 bilhões.

    Apesar de os papéis não deixarem explícito que diálogos no Whatsapp também foram monitorados nessa operação, a Folha apurou que a PF, se autorizada pela Justiça, também consegue acessar dados trocados por esse tipo de tecnologia.

    O próprio juiz federal que autorizou a quebra de e-mails e BBMs destacou serem necessários "métodos modernos de investigação, como a interceptação telemática" para elucidar as transações dos doleiros que "se dão essencialmente pelo Skype e Messenger".

    "Não vislumbro no presente momento, pois, outro meio para elucidar tais fatos salvo a interceptação ou outros métodos de investigação mais invasivos", escreveu o juiz Sérgio Moro.

    CPI DO CACHOEIRA

    No ano passado, a CPI do Cachoeira, que apurou as relações do empresário Carlinhos Cachoeira, derrubou o mito de que rádios Nextel não podiam ser grampeados. Anos antes, a Operação Satiagraha, na qual a PF investigou o banqueiro Daniel Dantas, já revelava que era possível monitorar o Skype.

    Agora, a Lava a Jato deixa claro que os BBMs podem sim ser grampeados —até mesmo o presidente Barack Obama e a Casa Branca usavam o BlackBerry por motivos de segurança.

    Diferente de outros celulares, o sistema de segurança do aparelho faz com que os dados saiam codificados por chaves de segurança efêmeras, ou seja, que expiram a cada transmissão, dificultando o monitoramento.

    A PF solicitou e a Justiça concedeu a quebra do BBM para que a equipe de investigação tivesse, em tempo real, o acesso ao conteúdo dos diálogos e mensagens. O pedido foi feito direto à empresa canadense RIM que administra o serviço. O mesmo aconteceu com a Microsoft, responsável pelo hotmail.

    "A gente acha que tem algum tipo de privacidade na internet mas na verdade não tem. As empresas [responsáveis pelas tecnologias] conhecem as fragilidades e podem dar acesso aos códigos se a Justiça determinar", explica o professor Ricardo Giorgi, professor de MBA em Gestão de Segurança da Informação da Fiap.

    CÓDIGOS

    O professor afirma, porém, que há tecnologias com códigos mais difíceis de serem quebrados por hackers e, portanto, mais seguros para pessoas comuns, desde que não sejam alvos de investigações oficiais.

    Editoria de Arte/Folhapress

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